Licitação 5G pendente do Brasil gera bilhões de dólares em investimentos

RIO DE JANEIRO (Associated Press) – O Brasil realizou seu tão esperado leilão para construir a rede sem fio 5G do país na quinta-feira, com uma questão em aberto sobre a participação da empresa de telecomunicações chinesa Huawei.

A tecnologia promete velocidades mais rápidasMenos atraso quando conectado à rede e a capacidade de conectar mais dispositivos à Internet. Mas o ambicioso leilão também teve como objetivo abordar as profundas desigualdades digitais do país, forçando os licitantes vencedores a construir ou melhorar a infraestrutura sem fio em áreas carentes.

O leilão ainda não acabou na quinta-feira, mas já anunciou promessas de investimentos de mais de 30 bilhões de reais (mais de US $ 5 bilhões) de operadoras de celular como Claro, Tim e Telefônica, dona da Vivo.

De maneira geral, a expectativa do governo é que o leilão, que pode prosseguir até sexta-feira, chegue a 50 bilhões de riais.

Autoridades, legisladores e a Agência Nacional de Comunicações planejam o leilão há anos.

Muito do debate em torno do 5G gira em torno de se as operadoras sem fio terão permissão para fazer parceria com a gigante chinesa das telecomunicações Huawei em um estágio posterior, em face da forte oposição dos EUA.

A Huawei está no centro de uma batalha diplomática entre os Estados Unidos e a China, com autoridades americanas suspeitando que o governo chinês poderia usar o equipamento de rede da Huawei para ajudar na espionagem. O governo dos Estados Unidos fez lobby em outros países, incluindo o Brasil, para proibir a Huawei de construir redes 5G, citando questões de segurança. Huawei rejeitou tais alegações.

Especialistas e legisladores disseram que a Huawei, que não participou do leilão de quinta-feira, pode entrar no jogo mais tarde. Depois que as operadoras tiverem construído a infraestrutura, elas precisarão instalar um dispositivo para que as antenas de rádio funcionem com a nova rede sem fio. Entre as empresas que podem fazer isso acontecer estão a chinesa Huawei, a ZTE, a sueca Ericsson ou a Nokia de Helsinque.

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O leilão – a maior licitação de telecomunicações do Brasil – também teve como objetivo ampliar a inclusão digital, priorizando o investimento em detrimento da reposição dos cofres do Estado.

Dos quase 50 bilhões de riais que o governo do presidente Jair Boslonaro espera, 20% irão para o tesouro federal e o restante para construir uma nova infraestrutura ou melhorar as redes existentes.

Além do 5G, os licitantes vencedores devem fornecer internet sem fio 4G ou superior para quase 10 milhões de pessoas no norte do Brasil, incluindo 500 vilarejos na vasta Amazônia, onde muitos ainda não têm acesso à internet.

“O Brasil será o primeiro país da América Latina a ter 5G”, disse o ministro das Comunicações, Fabio Faria, na quinta-feira, aparentemente significando um lançamento nacional. Vários outros países já começaram a instalar algumas redes 5G.

O plano é cobrir mais de 31.000 quilômetros (quase 20.000 milhas) de rodovias federais com cobertura 5G e disponibilizá-lo para escolas públicas. Faria disse que quase 7.000 das 85.000 escolas do país agora não têm internet.

“Quando fomos a duas comunidades indígenas, tucanos e yanomami, o que eles nos perguntaram? Pediram a internet!”, Disse Bolsonaro na abertura do concurso.

Bolsonaro, um fã do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, disse em setembro do ano passado que seria ele quem decidiria quem poderia participar do leilão 5G, embora especialistas afirmem que a decisão cabe à agência reguladora.

Em novembro de 2020, o Brasil apoiou a iniciativa “Clean Grid” de Trump, que lista empresas de tecnologia chinesas que seu governo considera riscos de segurança, incluindo a Huawei.

Foi difícil para o governo Bolsonaro banir publicamente a Huawei, porque a China é o país melhor parceiro de negócios, Thiago de Aragão, diretor de estratégia da consultoria política brasileira Arko Advice, disse à Associated Press.

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Além disso, o Brasil conta há meses com as exportações chinesas de princípios ativos para a produção nacional da única vacina COVID-19 disponível no Brasil, a biofarmacêutica Sinovac’s Coronavac.

“Naquele momento, ficou claro que seria muito difícil excluir a Huawei”, disse de Aragão.

O parlamentar federal Perpétua Almeida, que liderou o comitê de licitação 5G da Câmara dos Deputados, disse que proibir a Huawei nunca fez sentido, porque a empresa já é fornecedora das principais operadoras de telefonia móvel do país.

Sem a Huawei, Almeida disse à Associated Press: “Você poderia tirar Vivo, Claro e TIM, as empresas líderes hoje, fora do processo de licitação.” “O Brasil deve escolher seu próprio caminho e se afastar dessa disputa entre China e Estados Unidos, e devemos escolher o que é melhor para o Brasil”.

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