O Brasil é, sob todos os aspectos, a nação do futuro. Depois de séculos de rendição ao seu estatuto de gigante adormecido atormentado pela pobreza endémica e pela corrupção, a energia vital e os recursos ilimitados da grande nação parecem estar finalmente a transformar o Brasil numa potência global. Para muitos brasileiros, é um momento de enorme potencial e otimismo, quando o potencial adormecido do antigo império de 200 milhões de pessoas no mundo pode finalmente ser libertado.
Então, o que isso significa para o cinema brasileiro? As imagens icônicas registradas pelos cineastas do Cinema Novo, de desertos assolados pela seca e camponeses famintos, parecem muito distantes do Brasil do século XXI. Vinhas da Ira É para os Estados Unidos. O Brasil moderno é uma nação de fábricas de automóveis, edifícios altos e grandes empresas agrícolas. Como pode o cinema fazer justiça a este espírito de progresso e esperança? Entra Brasil S/A (Traduzido por K. Sonho brasileiro Mas o filme está mais próximo de “Brasil Inc.”, o filme conceitual satírico de Marcelo Pedroso sobre a marcha delirante e messiânica do progresso brasileiro, que estreou em janeiro passado no Festival de Cinema de Berlim.
Sem diálogo, este filme experimental é uma colisão de imagens triunfantes acompanhadas por uma trilha sonora orquestral bombástica e eloquente. Utilizando a linguagem polida e autêntica dos anúncios de automóveis e vídeos corporativos, bem como os ângulos discretos e heróicos da propaganda política, Pedroso apresenta-nos a imagem de uma sociedade altamente mecanizada, embriagada com o seu próprio progresso e alheia aos inúmeros problemas sociais. que ainda precisam ser abordados.
Ao assistir ao trailer, essa projeção autoaperfeiçoada do Brasil em movimento ganha um subtexto inquietante, à medida que a hiperperfeição de cada imagem parece revelar seu artifício subjacente. Em última análise, a questão angustiante que move este filme deve ser: o que realmente está por trás da imagem brilhante de auto-renovação do Brasil?
Brasil S/A Mostra-nos que, ao levarmos a linguagem da falsa propaganda – tanto política como corporativa – um passo adiante, as ilusões que afirmam vender rapidamente começam a desmoronar-se. Agora, basta substituir as bandeiras brasileiras pelas estrelas e listras, e as paisagens urbanas tropicais pelos arranha-céus da Costa Leste, e nós aqui nos Estados Unidos provavelmente poderíamos aprender o mesmo sobre nossa autoimagem patriótica com… Brasil S/A.
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