Lula dará jogo completo ao time econômico, mas não muito solto
O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse na sexta-feira que quem for nomeado ministro da Economia sob sua tutela gozará da necessária independência desde que não se esqueça da pessoa que foi eleita pelo povo para governar o país, o que significa que o chefe de estado não perderá as decisões relevantes.
“As pessoas precisam saber que ganhei esta eleição para governar o povo mais humilde deste país”, disse Lula durante sua primeira entrevista coletiva na sede do governo de transição, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília.
Entre as medidas inegociáveis que seus assessores precisarão implementar está um aumento do salário mínimo vinculado ao crescimento do PIB, política já adotada em governos trabalhistas anteriores. “Não adianta 10% de crescimento do PIB e as pessoas não participarem disso”, disse Lula.
Lula disse ainda que está com “80% dos ministérios na cabeça”, mas que só vai anunciar os nomes depois de receber o diploma de presidente eleito, em 12 de dezembro, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“A base do meu ministério será a que tive no meu segundo mandato, mais o ministério dos povos indígenas”, disse Lula. “Precisamos dar um sinal de respeito aos indígenas que vivem em nosso país”, acrescentou.
A equipe de transição de Lula também deixou claro que o Ministério da Economia será dividido em Fazenda e Planejamento, informa Agnesia Brasil.
A presidente trabalhista Glice Hoffman, que não será ministra, esteve sempre ao lado do presidente eleito durante a entrevista coletiva. “Ser líder partidário hoje é tão importante quanto ser ministro, ou até mais importante”, disse Lula.
O presidente eleito manifestou sua confiança na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) enviada ao Congresso nesta segunda-feira (28) para emendar o orçamento. O texto propõe, por exemplo, a retirada dos juros de R$ 600 do programa Auxílio Brasil do teto de gastos, que deveria passar a se chamar Bolsa Família.
“O que me interessa é a comissão eleitoral presidencial que enviamos e que já foi discutida com várias lideranças, com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados”, disse Lula, quando questionado sobre o que poderia ser concedido com a aprovação do atual texto. . “Se precisamos negociar, sabemos chegar a um acordo”, enfatizou.
Lula negou que o texto preveja a emissão de emendas ao chamado “orçamento secreto”, que são itens individuais que os parlamentares inscrevem no orçamento, mas não especificam o dono do projeto. O presidente eleito disse apoiar as emendas parlamentares, desde que transparentes e alinhadas às diretrizes orçamentárias e ao conforto político do governo. “Do jeito que está, não pode ficar do jeito que está, acho que todo mundo está convencido disso”, disse. (Fonte: Agência Brasil)