Dados preliminares do governo mostraram que a quantidade de terras desmatadas na floresta amazônica brasileira em abril foi quase o dobro do mesmo mês do ano passado, com o desmatamento na região em um nível mensal recorde pela terceira vez este ano.
Cientistas climáticos veem o desmatamento em grande escala nas florestas tropicais como um grande golpe nos esforços para conter o aquecimento global, já que a região absorve grandes quantidades de dióxido de carbono do gás de efeito estufa.
À luz dos recordes já estabelecidos este ano, especialistas alertam que 2022 pode marcar o quarto ano consecutivo de desmatamento no Brasil em uma década.
O que dizem as estatísticas?
O desmatamento na área totalizou 1.012,5 quilômetros quadrados (390 milhas quadradas) nos primeiros 29 dias de abril, segundo dados do Inpe.
Isso é 74% a mais que no mesmo mês de 2021, o recorde anterior. Os números completos do mês de abril estarão disponíveis na próxima semana.
Esta é a primeira vez que o desmatamento ultrapassa 1.000 quilômetros quadrados em um mês na estação chuvosa, que vai de dezembro a abril.
Em janeiro, foram desmatados 430 quilômetros quadrados, mais de quatro vezes o valor do mesmo mês de 2021; Em fevereiro, 199 quilômetros quadrados foram destruídos, 62% a mais do que em 2021.
Em geral, os quatro primeiros meses do ano registraram desmatamento recorde, com 1.954 quilômetros quadrados desmatados. Isso representa um aumento de 69% em relação ao mesmo período de 2021.
Registros de desmatamento na Amazônia nos últimos sete anos são mantidos pelo Inpe.
Por que o desmatamento está aumentando?
As taxas de desmatamento na Amazônia aumentaram desde que o presidente populista de direita Jair Bolsonaro assumiu o cargo em 2019.
Ele enfraqueceu a proteção ambiental na região, argumentando que mais agricultura e mineração na Amazônia ajudariam a reduzir a pobreza na região.
“A razão desse registro é que ele tem nome e sobrenome: Jair Messias Bolsonaro”, disse Marcio Astrini, chefe do grupo Observatório Brasileiro do Clima, em comunicado.
Os ministérios do Meio Ambiente e da Justiça, por sua vez, afirmaram em nota que o governo está fazendo muito para combater o crime ambiental e combater o desmatamento em cinco estados da Amazônia.
Entre outras coisas, grandes projetos de construção de estradas na Amazônia que Bolsonaro promoveu levam à extração ilegal de madeira ao facilitar o acesso, o que aumenta o valor da terra e facilita atividades econômicas, como a pecuária.
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e um enorme sumidouro de carbono. Cientistas do clima temem que o desmatamento na floresta amazônica não apenas liberará grandes quantidades de carbono na atmosfera, mas também acabará degradando a floresta em uma savana tropical.
tj/sms (AFP, Associated Press, Reuters)