Brasil aprova a tão esperada reforma tributária

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Os legisladores no Brasil votaram pela reforma do sistema tributário bizantino do país, que é frequentemente citado como um obstáculo para fazer negócios na maior economia da América Latina.

Após anos de planeamento e atrasos, a Câmara Baixa do Congresso apoiou na sexta-feira uma alteração constitucional histórica que simplificaria uma série de taxas sobre bens e serviços.

As empresas multinacionais há muito que se queixam de que a aplicação das regras fiscais labirínticas do Brasil é dispendiosa, cheia de incerteza jurídica e um desincentivo ao investimento.

A legislação substituirá cinco impostos separados sobre o consumo por um sistema duplo de imposto sobre o valor acrescentado – um imposto pelas autoridades federais e outro a nível regional. Será implementado em fases ao longo de oito anos, a partir de 2026. Partes centrais da proposta foram concebidas na anterior administração de direita de Jair Bolsonaro.

A adoção da reforma foi recebida com amplo apoio.

“Com esta reforma teremos um sistema tributário moderno. É um grande passo para o Brasil”, disse Guilherme Melo, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, ao Financial Times.

“Para ter mais investimentos, é preciso pelo menos ter um sistema tributário competitivo.”

Os defensores da reforma dizem que ela impulsionará o crescimento económico, com potencial para adicionar até 2,39 por cento ao produto interno bruto nos próximos oito anos, de acordo com o Instituto de Investigação Económica Aplicada, um grupo de reflexão governamental.

As tentativas de uma reforma abrangente escaparam aos governos durante décadas, pelo que a sua aprovação representa uma vitória política para o Presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva e para o Ministro das Finanças Fernando Haddad.

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No entanto, tem havido críticas sobre o grande número de excepções às novas regras, na sequência da pressão de grupos de interesse. Foram concedidas isenções totais para serviços de saúde e alimentos básicos como arroz, feijão, etc. Exceções parciais foram concedidas para transporte público, bem como para produtos agrícolas e animais.

“O sistema deve ser simplificado, para que esses recursos possam ser utilizados para melhorar a produtividade da empresa e tornar os investimentos mais atrativos”, afirma Ariana Zerbinati, sócia da consultoria Buyside Brazil. “Do lado negativo, [there has been] Um grande número de exceções. . . Isso faz parte do jogo político.”

Outra preocupação é o que o Congresso definirá para a alíquota padrão do imposto sobre valor agregado. Haddad disse que o número de isenções provavelmente levaria o imposto para 27,5 por cento, o que os oponentes dizem que estaria entre os mais altos impostos sobre o consumo do mundo.

Funcionários do Ministério das Finanças dizem que este valor ainda é inferior ao montante total de 34,4 por cento actualmente imposto ao consumo através de uma miríade de direitos interligados.

A reforma também acabará com a prática de tributar os bens no local onde são produzidos, em vez de mudar para um modelo em que os direitos são impostos no ponto de consumo. Todo esse processo levará 50 anos para ser totalmente implementado.

A legislação também procura eliminar elementos que são amplamente vistos como reacionários. Alguns itens de luxo isentos de imposto sobre veículos, como jet skis, lanchas e iates, passarão a estar sujeitos ao imposto.

Embora a administração Lula insista que o pacote não se destina a aumentar a carga fiscal global, procura separadamente medidas para aumentar a arrecadação de receitas numa tentativa de equilibrar as contas públicas. Estas incluem a cobrança de taxas sobre apostas desportivas digitais e ativos detidos por cidadãos ricos em paraísos fiscais.

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“O Brasil tem receitas de imposto de renda mais baixas e receitas de imposto de consumo mais altas”, disse Melo. “Estamos estudando a possibilidade de equilibrar a questão. A ideia não é aumentar a carga tributária, mas sim distribuí-la de forma diferenciada.”

Reportagem adicional de Beatrice Langella

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