Banco Central do Brasil elogia projeto orçamentário de Lula e ressalta necessidade de melhoria fiscal

BRASÍLIA (Reuters) – Altos funcionários do banco central brasileiro elogiaram nesta sexta-feira o compromisso do governo de eliminar o déficit orçamentário primário de 2024, dizendo que a melhoria fiscal era vital para alinhar as expectativas de inflação com as metas oficiais.

“Manter a meta (fiscal) é extremamente importante”, disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento organizado pelo grupo empresarial LEAD em Washington.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou na quinta-feira um projeto de lei aos parlamentares que prevê um orçamento equilibrado no próximo ano.

Os participantes do mercado consultados pelo banco central esperam atualmente um défice primário em 2024 equivalente a 0,8% do PIB, mas Campos Neto disse que as provisões devem melhorar à medida que as medidas de aumento de receitas do governo obtiverem a aprovação do Congresso.

“Precisamos desta convergência fiscal para alcançar uma convergência monetária mais saudável, o que significa taxas de juro mais baixas durante mais tempo”, disse ele.

Ecoando sentimentos semelhantes, o diretor de política monetária, Gabriele Galipolo, disse durante evento organizado pela corretora XP em São Paulo que a melhoria fiscal do país é “importante” para aproximar as expectativas de inflação das metas oficiais.

Ele ressaltou que as novas regras fiscais estabelecidas por Lula restringem o crescimento das despesas a um percentual do aumento das receitas, de forma que se as receitas diminuírem, as despesas também serão limitadas.

O banco central iniciou um ciclo de flexibilização em Agosto com um corte de 50 pontos base, baixando a sua taxa de juro de referência para 13,35%, depois de a ter mantido inalterada durante quase um ano, numa tentativa de conter a inflação.

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A decisão dividida, com parte do conselho do banco a apoiar um corte menor, é menos importante do que pode parecer, disse Gallipolo, observando que os decisores políticos foram unânimes em manter os cortes futuros em 50 pontos base em reuniões futuras.

Campos Neto sublinhou que o combate à inflação continua, acrescentando que os dados, incluindo os preços dos serviços monitorizados de perto, mostram melhorias, embora a um ritmo lento.

Disse ainda que o desempenho do PIB do Brasil no segundo trimestre foi “muito bom”, superou as expectativas e teve elementos positivos, que melhorariam as receitas públicas.

(Reportagem de Marcella Ayres; edição de Kylie Maddrey e Richard Chang)

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