Felipe Barbosa retrata o colapso de uma família

Embora possa se tornar excessivamente didático, a poderosa estreia de Felipe Barbosa é um estudo bem observado sobre o colapso de uma rica família brasileira.

As estruturas sociais precariamente equilibradas que mantêm classe, raça e expectativas desmoronam em “Casa grande”, um bom longa de estreia do diretor Felipe Barbosa, que explica a luta de uma família privilegiada para manter seu modo de vida em um bairro nobre do Rio. Centrando-se principalmente num estudante do ensino secundário que não sabe que o seu pai está profundamente endividado, a imagem está repleta de vinhetas bem observadas que servem como significantes de classe social, embora o texto ocasionalmente se transforme num excesso de didatismo. Com um elenco forte cujas interações incorporam a hierarquia de senhor e servo, “Casa grande” deve atrair festivais com uma compreensão do cinema brasileiro para além das favelas.

Numa abertura deslumbrante, vemos Hugo (Marcelo Novaes) sair de sua piscina à noite, entrar em sua impressionante casa e apagar as luzes. Ele e a esposa, Sônia (Susana Pires), parecem viver uma vida perfeita, com o filho Jean (Talis Cavalcanti), a filha Nathalie (Alice Melo), além da governanta Rita (Clarissa Pinheiro), da empregada Noêmia (Marilia Coelho) e motorista. Faz-tudo Severino (Gentile Cordero). A família sente-se confortável no seu casulo privilegiado e, como muitos na sua classe, identifica-se culturalmente como europeia, com a mãe e o pai a mudarem para o francês quando não querem que os filhos o compreendam.

Hugo era gestor de fundos de hedge, mas sua empresa faliu e ele escondia o estado de suas finanças. Jean tem um bom relacionamento com os criados, flerta inadequadamente com Rita e simpatiza com o Severino mais velho, por isso, quando Hugo demite o motorista, ele avisa a Jean que Severino está de férias. Andar de ônibus para a escola todos os dias não é uma coisa ruim, porque o expõe a outras pessoas como Luisa (Bruna Amaya, uma verdadeira centelha de brilho), uma colega mestiça de uma escola menos chique, que brilha. para cada um.

Sonia começa a entender o quão ruim é a situação deles e se junta a uma amiga como uma espécie de senhora sofisticada da Avon, mas Hugo está basicamente em negação, apesar do crescente ostracismo dos amigos cujo dinheiro ele desperdiçou. As mensalidades se tornam um problema e, com o recém-estabelecido sistema de ação afirmativa no Brasil, Gene se preocupa com sua vaga na faculdade.

O público não ficará surpreso ao saber que o cerne da história é semiautobiográfico, e a força de Barbossa reside na forma como ele captura a dinâmica da classe dentro e fora de casa. O tratamento casual de Jan para com a ajuda contratada é natural, dado o papel que desempenharam em criá-lo, assim como faz sentido em uma sociedade de classes que ele use Rita como uma válvula de escape para sua ganância. Para Hugo e Sonia, claro, as distinções são mais nítidas e a simpatia não é uma emoção que se possa trocar livremente com servidores etnicamente diversos, cujas vidas pessoais pouco importam.

Cenas em que Barbossa quer fazer uma declaração direta não fazem muito sucesso, como quando Luisa dá um sermão na família e nos amigos sobre a necessidade de rações. Provavelmente serão traçados paralelos com “Sons Vizinhos”, outro filme brasileiro que examina a classe social, mas este retrato claro consegue, através de uma construção cuidadosa, fazer declarações contundentes sobre o país como um todo, enquanto aqui Barbosa ocasionalmente escorrega para a obviedade ao destacar. . Algum ponto. casa.

O DP Pedro Sotero também filmou “Sounds” (e colaborou com Barbosa no documentário “Laura”), trabalhando aqui de uma forma mais formal mas ainda assim hábil. O agente de vendas Visit Films exibiu o filme na EFM sob o título “Casa Grande, ou a Balada do Pobre Jean”, mas a adição pedante está em desacordo com o estilo do filme.

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