Queda do mercado de ações do Brasil torna alvos de fusões e aquisições

São Paulo (Reuters) – O frenesi das negociações de fusão e aquisição pegou alguns banqueiros brasileiros de surpresa nas primeiras semanas de 2022.

Com a economia em recessão, inflação de dois dígitos e eleições polarizadoras se aproximando, a queda do mercado de ações deixou muitas empresas em alvos mais fáceis para aquisições, dizem eles.

“Faz muito tempo desde que começamos um ano com um grande fluxo de fusões e aquisições”, disse Roderick Greenlees, chefe global de banco de investimento do Itaú BBA.

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O índice de referência do Brasil Bovespa caiu 17% nos últimos seis meses, e o real caiu 5% em relação ao dólar, pois os investidores temem riscos macroeconômicos, diminuição da disciplina fiscal e o resultado das eleições presidenciais de outubro.

Os mais frágeis são aqueles listados recentemente que perderam capital de mercado significativo, disseram os banqueiros, sem mencionar alvos potenciais específicos.

Os varejistas de móveis Mobly SA (MBLY3.SA), Westwing Comercio (WEST3.SA), o programa de milhagem Dotz SA, o serviço de terceirização Getninjas SA (NINJ3.SA) e a empresa de engenharia naval Oceanpact Serviços Marítimos (OPCT3.SA) perderam mais de 70 % do seu valor desde o primeiro IPO no ano passado.

“Existem algumas empresas listadas de pequeno e médio capital que estão enfrentando desafios significativos de preço e liquidez para explorar o mercado de capitais para captar novos recursos e, assim, fusões e aquisições se tornam mais confiáveis ​​e, em alguns casos, a única alternativa, ” disse Gustavo Miranda, presidente de Investment banking do Banco Santander Brasil SA.

Por exemplo, o Banco Modal SA (MODL11.SA) perdeu quase 60% de seu valor desde sua oferta pública inicial em abril e recebeu uma oferta de todas as ações a ser adquirida pela corretora XP Inc (XP.O) este mês. Consulte Mais informação

A discussão entre as operadoras de shopping centers Aliance Sonae (ALSO3.SA) e BR Malls (BRML3.SA) também vem à tona, pois as ações de ambas as empresas caíram mais de 20% em relação ao ano anterior em meio à pandemia. O negócio parece ser impulsionado pela necessidade de mostrar crescimento e boas notícias para os investidores, mesmo com o setor de shopping centers lutando para se recuperar da pandemia.

A BR Malls rejeitou a proposta da Aliansc Sonae, mas as negociações devem continuar. Os varejistas Americanas SA (AMER3.SA) e Marisa Lojas SA (AMAR3.SA) não chegaram a um acordo sobre um possível negócio no ano passado.

Ricardo Lacerda, CEO e fundador do banco de investimentos BR Partners, disse que a última medida interrompeu os planos para as empresas recém-listadas e pode forçá-las a se envolverem em negócios. “Alguns deles estavam contando com a venda de novas ações para financiar a expansão, mas não conseguiram fechar negócios devido à volatilidade do mercado”, disse ele.

A dívida também se tornou mais cara para as empresas, com o Banco Central do Brasil elevando sua taxa de referência no ano passado para 9,25% em dezembro, de 2% em março, aumentando os custos de captação de recursos.

“Dada toda a volatilidade nas ofertas de ações, os volumes de M&A em 2022 podem superar o ano passado”, disse Hans Lin, co-diretor de banco de investimento do Bank of America no Brasil. No ano passado, os negócios envolvendo empresas brasileiras totalizaram US$ 101,6 bilhões, um aumento de 152% em relação a 2020.

Novas ofertas

A maioria dos banqueiros se absteve de prever ofertas de ações este ano, mas muitos esperam que os volumes diminuam a partir de 2021. As ofertas de ações totalizaram US$ 26,2 bilhões no ano passado, pouco abaixo dos volumes em dólares de 2020, mas em 78 negócios, eles aumentaram 17% ano a ano.

“No ano passado, tivemos um ano recorde para emissão de ações, e 2022 não será um ano forte para ações como resultado da volatilidade política e macro”, disse Greenlees, do Itaú.

Algumas empresas já anunciaram planos para ofertas de acompanhamento, como a processadora de frangos e suínos BRF SA (BRFS3.SA) e a petroquímica Braskem SA (BRKM5.SA). A Eletrobras (ELET6.SA) também deverá ser privatizada até junho.

Os banqueiros veem os acompanhamentos mais prováveis ​​do que os IPOs este ano, já que os investidores tendem a confiar em ativos conhecidos durante períodos de volatilidade.

“Dependendo de como o mercado absorver esse pipeline de follow-ups, veremos uma melhora no sentimento dos investidores, o que pode abrir caminho para algumas ofertas públicas iniciais”, disse Eduardo Meras, chefe de banco de investimento do Citi, Eduardo Meras.

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(Reportagem de Carolina Mandel e Tatiana Bautzer) Edição de Brad Hines e Alistair Bell

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