Promotores no Brasil estão tentando retirar as licenças de uma estação de rádio pró-Bolsonaro

SÃO PAULO (Reuters) – Procuradores federais do Brasil entraram com um processo nesta terça-feira para retirar a licença de transmissão de rádio da empresa de mídia local Jovem Pan por supostamente espalhar desinformação e defender a intervenção militar durante as eleições presidenciais do ano passado.

O movimento contra a Jovem Pan – um grupo liberal mais conhecido por seu estreito alinhamento com o ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro – faz parte de um acerto de contas mais amplo no Brasil com as consequências da eleição mais tensa do país em uma geração.

Bolsonaro, que perdeu por pouco para o presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, está sendo julgado em um tribunal eleitoral federal por acusações de abuso de poder ao publicar alegações infundadas sobre o sistema de votação eletrônica do Brasil. Enquanto isso, vários de seus ex-aliados estão sendo questionados por legisladores em uma investigação do Congresso sobre a invasão de prédios do governo em 8 de janeiro por milhares de apoiadores de Bolsonaro.

O movimento dos queixosos contra a emissora provavelmente levantará questões sobre a liberdade de expressão no Brasil em um momento em que os legisladores estão debatendo um projeto de lei controverso que obrigaria as empresas de tecnologia a monitorar mais estritamente sua programação.

Promotores federais do estado de São Paulo alegaram que a Jovem Pan publicou alegações infundadas, muitas delas originalmente feitas por Bolsonaro, de que o sistema de votação eletrônica do Brasil era vulnerável a fraudes. Os promotores também alegaram que a Jovem Ban incentivou ataques contra autoridades e instituições democráticas e apoiou a ideia de intervenção militar.

Citando os eventos de 8 de janeiro, bem como o fechamento de estradas em protesto pela vitória de Lula em novembro passado, os promotores disseram que “Jovem Ban contribuiu para que um grande número de pessoas questionasse a justiça do processo eleitoral ou agisse diretamente” contra o resultado da eleição .

Os promotores disseram que a conduta da Jovem Pan violou diretamente a constituição e a legislação do Brasil sobre radiodifusão pública. Eles também exigiram multa de R$ 13,4 milhões (US$ 2,8 milhões) para a Jovem Ban.

A Jovem Pan disse que comentaria o mérito da ação, acrescentando que “há 80 anos, o Grupo Jovem Pan reafirma a cada dia seu compromisso com a sociedade e a democracia brasileira”.

(US$ 1 = 4,8015 riais)

(Cobertura) Por Peter Frontini e Beatriz Garcia, Edição de Rosalba O’Brien

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