Ata de reunião do Banco Central do Brasil levanta possibilidade de corte de juros em agosto

BRASÍLIA (Reuters) – O Banco Central do Brasil indicou nesta terça-feira que a maioria das autoridades vê a perspectiva de um corte de juros como “insignificante” em sua próxima reunião em agosto, desde que o cenário de inflação mais moderado se mantenha.

A ata da reunião de 20 a 21 de junho, em que o Comitê Fixador de Juros, conhecido como Copom, manteve a taxa de juros em 13,75% pela sétima vez consecutiva, revelou uma divergência sobre a indicação de passos futuros.

“A avaliação predominante é que a continuação do processo de flexibilização da inflação em curso, com o consequente impacto nas expectativas, pode permitir que seja construída a confiança necessária para iniciar um processo de viragem suave na próxima reunião”, afirmou o banco central.

A ata mostrou que uma minoria de membros do Kuboom adotou uma postura mais cautelosa.

Em resposta à ata, os contratos futuros de taxas de juros de curto prazo abriram em baixa, e a curva de rendimentos indicou um claro corte na taxa de juros em agosto, com 95% de probabilidade de um corte de 25 pontos base.

Enquanto isso, a moeda brasileira valorizou-se ligeiramente em relação ao dólar americano.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que já havia expressado insatisfação com a abordagem agressiva do banco central, disse a repórteres que a perspectiva do próximo afrouxamento monetário é “boa” e mostra que o governo está no “caminho certo”.

Agora é difícil argumentar contra o início do ciclo de flexibilização em agosto, disse William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics, também apontando para o apoio de dados na terça-feira mostrando inflação anual até meados de junho em 3,4%. Anteriormente, não esperava um corte nas taxas até setembro.

Embora o banco central tenha adotado um tom mais moderado ao descartar a possibilidade de elevar as taxas de juros em sua declaração de política, na semana passada ele se absteve de indicar quando a flexibilização monetária poderia começar, citando uma postura baseada em dados.

A carta atraiu críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e alguns participantes do mercado que esperavam uma mudança acentuada no tom do banco devido à inflação abaixo do esperado, uma moeda em alta e expectativas de inflação mais baixas.

Além disso, as taxas de juros futuras caíram à medida que o Congresso avançava com as novas regras fiscais do governo, consideradas necessárias para reduzir a dívida pública descontrolada depois que Lula aumentou os gastos sociais para cumprir as promessas de campanha.

Nas atas, o Banco observou que alguns membros ainda apoiam a necessidade de ver novas quedas nas expectativas de inflação de longo prazo e mais evidências de queda da inflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo.

O banco central sublinhou que as expectativas de inflação diminuíram ligeiramente, mas ainda estão longe das metas oficiais, em parte devido à questão de uma possível alteração das metas futuras de inflação, acrescentando que “as decisões que restabelecem as expectativas podem levar a uma aceleração do ritmo da inflação”.

O Conselho Monetário Nacional, formado pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e do governador do Banco Central, reúne-se hoje, quinta-feira, para confirmar as metas de inflação de 3% para 2024 e 2025 e definir a meta oficial para 2026.

Os esforços anteriores de Lula para alcançar metas de inflação mais altas para flexibilizar a política monetária perderam força, com o ministro da Fazenda Haddad recentemente enfatizando a tendência do governo de ajustar o cronograma para atingir as metas, preferindo uma abordagem sustentada à meta atual com base no ano civil.

(Reportagem de Marcella Ayres). Edição por Stephen Grattan, Mark Porter e Susan Fenton

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