O Ministério dos Povos Indígenas do Brasil pode ver restrições às principais autoridades

Ministério dos Povos Indígenas de Sonia Guajajara pode ver seus eminentes poderes diminuídos
O Ministério dos Povos Indígenas de Sonia Guajajara pode ver seus eminentes poderes diminuídos. Foto: MICHAEL DANTAS/AFP/Arquivo
Fonte: Agence France-Presse

Os líderes do Congresso do Brasil alertaram na quarta-feira que os ministérios do meio ambiente e dos povos indígenas podem perder cargos importantes.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou o primeiro Ministério dos Povos Indígenas quando assumiu o cargo em janeiro e recebeu o poder de delimitar as reservas indígenas.

Mas essa autoridade, até então temporária, precisa de aprovação do Congresso para entrar em vigor permanentemente. Em vez disso, um projeto de lei recentemente proposto deixaria o delineamento da terra nas mãos do Departamento de Justiça.

Em entrevista à AFP, a ministra indígena Sonia Guajara descreveu a medida como um “retrocesso”.

“Despersonaliza os povos indígenas e é totalmente contrário ao que defende o presidente Lula: o reconhecimento, a valorização e a garantia da participação dos povos indígenas nas instâncias decisórias.”

A iniciativa de criar um ministério dos povos indígenas foi bem recebida por ambientalistas, que consideram as reservas indígenas uma importante ferramenta contra o desmatamento e as mudanças climáticas.

O projeto de lei também tiraria o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas de suas novas atribuições em relação à gestão da água e ao cadastro ambiental rural.

Segundo Guajara, as mudanças visam apaziguar a “bancada rural” do Congresso, ligada ao setor do agronegócio – indústria acusada em alguns casos de ocupação ilegal de terras indígenas.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse nas redes sociais que as mudanças podem “causar danos gravíssimos aos interesses econômicos, sociais e ambientais do Brasil”.

Embora Lula tenha vencido a eleição presidencial do ano passado, nem todos apoiam suas decisões sempre.

O projeto foi aprovado por 15 a 3 em um comitê da Câmara na quarta-feira e seguirá para a sessão plenária de ambas as legislaturas na próxima semana.

Fonte: Agence France-Presse

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