Escrito por Sérgio Gonçalves
LISBOA (Reuters) – A Moody’s elevou a classificação dos títulos de longo prazo de Portugal em dois níveis, de Baa2 para A3, apesar da crise política desencadeada pela renúncia do primeiro-ministro do país devido a uma investigação sobre supostas irregularidades em seu governo.
A agência de classificação afirmou num comunicado divulgado na noite de sexta-feira que a actualização reflecte “os contínuos efeitos positivos no crédito a médio prazo de uma série de reformas económicas e financeiras, a redução da dívida do sector privado e o fortalecimento contínuo do sector bancário”.
A melhoria na classificação ocorreu apesar da renúncia do primeiro-ministro Antonio Costa na semana passada devido a uma investigação sobre suposta corrupção governamental em negócios multibilionários de lítio, hidrogênio “verde” e centros de dados.
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa convocou eleições antecipadas para 10 de março.
A Moody’s disse que as instituições do país parecem estar a lidar com a crise de “maneira eficaz e transparente”.
No entanto, a agência alertou que um período prolongado de incerteza política poderia ter um impacto negativo na actividade económica devido a potenciais atrasos nos investimentos privados e públicos e poderia levar a um défice maior a médio prazo do que o actualmente esperado.
O ministro das Finanças, Fernando Medina, disse que a atualização mostra que “os fundamentos da economia são fortes e confirmam que Portugal alcançou um lugar entre o grupo de países com maior qualidade de crédito e maior credibilidade internacional”.
“É necessário preservar isto”, acrescentou Medina.
O orçamento para 2024, que está previsto para ser aprovado pela maioria parlamentar socialista em 29 de Novembro, espera que o crescimento económico desacelere para 1,5% em 2024, ante um crescimento esperado de 2,2% este ano.
Espera também um excedente do PIB de 0,2% no próximo ano, após um excedente de 0,8% em 2023, e espera que o rácio da dívida pública diminua de 103% para 98,9% do PIB.
“O forte crescimento e balanços amplamente equilibrados significam que o peso da dívida continuará a diminuir a um dos ritmos mais rápidos entre as economias avançadas”, disse a Moody’s.
Espera “investimentos privados e públicos significativos, bem como a implementação de novas reformas estruturais”, ambos ligados ao plano de recuperação do país.
(Reportagem de Sergio Gonçalves; edição de David Latona e Clelia Uziel)
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