Lula bloqueia prazo para projeto de lei; Novos confrontos com o Congresso no horizonte

  • O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, bloqueou parcialmente um polêmico projeto de lei que viola significativamente os direitos indígenas, um mês depois de o Supremo Tribunal ter rejeitado seu artigo principal.
  • Embora alguns activistas indígenas tenham lamentado que o projecto de lei não tenha sido totalmente rejeitado, muitos saudam o veto parcial como uma vitória para os direitos humanos e as protecções constitucionais.
  • O projeto rejeitado agora retorna ao Congresso, onde a decisão de Lula será mantida ou rejeitada; Especialistas dizem que se o projeto de lei de prazo for rejeitado, ele será promulgado, desferindo um grande golpe nos direitos indígenas e na proteção ambiental.
  • O veto provocou indignação entre o poderoso lobby rural do Brasil, que prometeu rejeitar as alterações de Lula ao projeto de lei, apesar de qualquer decisão tomada no Congresso poder ser apelada para o Supremo Tribunal.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, vetou parcialmente um polêmico projeto de lei de prazo, em uma medida que suprimiu os esforços do Congresso para retirar os direitos indígenas. É uma vitória temporária para os activistas, que aguardam agora com ansiedade o regresso da decisão do presidente ao Congresso para um novo capítulo, onde alguns especialistas temem que os vetos sejam rejeitados e o projecto de lei ratificado.

Congresso Foi aprovado por esmagadora maioria prazo da fatura (PL 2903) em 27 de setembro, contrariando a decisão do Supremo Tribunal Federal, que havia decidido, apenas uma semana antes, que o prazo, a tese, conhecida como Marco é temporário Em português, era inconstitucional. Um dos pontos mais polêmicos do projeto impede que indígenas reivindiquem terras que não ocupavam efetivamente em 5 de outubro de 1988, data de publicação da Constituição Federal —mesma tese que foi descartada por nove ministros do Supremo Tribunal Federal em 2018. Setembro, por apenas dois votos. No dia 20 de outubro, Lula vetou esse ponto do projeto de lei, bem como vários outros dispositivos considerados grandes retrocessos para os direitos indígenas.

em uma permissão Lula, que o apresentou ao presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, declarou que o projeto era “contrário ao interesse público e inconstitucional”.

Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, É chamado de veto parcial “Uma grande vitória” e uma indicação da “coesão do governo com a agenda indígena”. As organizações indígenas, juntamente com o Departamento de Defesa e o próprio Ministério dos Povos Indígenas, já pediram anteriormente um veto total, e alguns ativistas lamentam a decisão do presidente de não rejeitar totalmente o projeto.

“Não há como comemorar o ‘veto parcial’ do presidente Lula contra esse desvio que é o PL 2.903”, escreveu Beto Marubo, membro da Confederação dos Povos Indígenas do Vale do Javari. Mídia social. “O Brasil vive à mercê de algumas empresas agrícolas ultrapassadas que mudam as leis à vontade.”

Miguel Aparicio, chefe do recentemente contatado Observatório de Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados, disse à Mongabay que celebrar o veto parcial não levou em conta que, embora o projeto de lei estivesse em sua maioria bloqueado, os direitos indígenas não haviam avançado. “Parece uma vitória porque o prazo foi rejeitado, mas isso nos coloca na posição constitucional em que já estávamos”, afirmou. “Conquista significa conquista. Não há conquista. Continuaremos como éramos.”

Apesar da insatisfação de algumas organizações que defendiam a rejeição total do projeto, a proibição parcial é uma vitória, disse Kenzo Goka, consultor social ambiental que trabalha com legislação ambiental no Congresso Nacional há mais de 20 anos.

“Foi uma vitória para a legitimidade e constitucionalidade do sistema legal que protege as terras tradicionalmente ocupadas pelos 266 grupos étnicos indígenas do Brasil”, disse ele à Mongabay. “Pontos perigosos e flagrantemente inconstitucionais foram anulados. [including] É uma tese que possibilitaria o extermínio das terras e dos povos indígenas do país dentro de poucos anos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou o polêmico projeto de prazo no dia 20 de outubro, com a participação do procurador-geral Jorge Mesías (extrema esquerda);  Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara (terceira a partir da esquerda);  Alexandre Padilha, Ministro das Relações Internacionais.  Imagem © Ricardo Stockert / Agência Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou o polêmico projeto de prazo no dia 20 de outubro, com a participação do procurador-geral Jorge Mesías (extrema esquerda); Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara (terceira a partir da esquerda); Alexandre Padilha, Ministro das Relações Internacionais. Imagem © Ricardo Stockert / Agência Brasil.

Alguns especialistas dizem que o veto parcial foi uma estratégia para aliviar as tensões entre os legisladores que propuseram o projeto. “se [Lula] “Se ele vetar na íntegra, criará uma tensão maior do que a que já existe dentro da Convenção Nacional”, disse Rafael Modesto dos Santos, assessor jurídico do Conselho Indigenista Missionário, à Mongabay.

Foram aprovadas duas disposições do projeto de lei, o que levantou algumas preocupações entre os ativistas indígenas. A primeira faz parte do artigo 20, que afirma que o direito exclusivo de usufruto dos povos indígenas sobre as terras que ocupam “não se sobrepõe aos interesses da política de defesa e da soberania nacional”, embora Parágrafo A permissão para estabelecer bases militares e expandir redes rodoviárias e alternativas energéticas foi recusada. “esse [article 20] “É terrível”, disse Aparicio. Ele acrescentou: “Este artigo refere-se explicitamente à ideologia da ditadura militar”. “De repente, a floresta permanente deixou de ser assunto de interesse nacional.”

Depois, há o artigo 26, que permite atividades econômicas em terras indígenas, desde que a própria comunidade reconheça a cooperação e a contratação com terceiros não indígenas.

de acordo com uma permissão Da Expressão dos Povos Indígenas no Brasil, o artigo 26 “poderia ampliar o alcance do assédio nos territórios” e o artigo 20 “é perigoso porque também pode abrir a porta para a diluição do direito de usufruto exclusivo”. Aparicio ecoa esta preocupação, observando que a Seção 26 poderia “abrir a possibilidade de atividades do agronegócio”. Contudo, a APIB também reconheceu que o artigo 231 da Constituição ainda protege os direitos indígenas nesses casos, fato também confirmado por especialista. Declaração do governo.

Além de eliminar o ponto que continha a tese do marco temporal, Lula se opôs aos pontos que permitiam o contato com comunidades isoladas “para prestar assistência médica ou mediar ações estatais de interesse público” e a mineração em terras indígenas. O Presidente também proibiu artigos que permitiam a perda de terras devido a “suposta mudança nas características culturais de uma comunidade indígena ou outros fatores resultantes da passagem do tempo” e que permitiam que ocupantes não indígenas permanecessem em terras tradicionais até que medidas de demarcação fossem tomadas. A compensação é paga por melhorias feitas de boa fé (como construção de casas ou cercas).

Ativistas indígenas em Brasília seguram cartazes com os dizeres “PL 2903 [time frame bill] Kills”, “Time Frame” e “Stop Killing Us.” Organizações indígenas e ativistas de direitos humanos vêm organizando protestos há meses no Brasil contra o polêmico projeto de lei. Foto © Guidson Alves / Agência Brasil.

Agora a decisão do presidente volta ao Congresso, onde os legisladores poderão rejeitá-la ou apoiá-la em data ainda a ser determinada. A Assembleia Legislativa tem o poder de anular o veto presidencial, tal como o poderoso lobby rural Já anunciado A decisão será anulada.

Para rejeitar o veto é necessária maioria absoluta, o que é Equivalente Com maioria de 257 votos dos deputados e 41 votos dos senadores a favor da rejeição. Dados os resultados anteriores da votação do projeto nas duas câmaras legislativas, a abolição do veto parece provável. O projeto foi aprovado na Câmara em maio por 283 votos a 155, e no Senado por 43 votos a 21. “Acreditamos que o veto será derrubado, mas o Supremo restabelecerá a normalidade à luz da Constituição para declarar o prazo inconstitucional”, disse Modesto.

Se o veto for derrubado, isso significaria que o prazo e outros pontos considerados prejudiciais aos povos indígenas seriam transformados em lei – e o projeto provavelmente seria contestado novamente no Supremo Tribunal Federal. No primeiro julgamento, que foi adiado diversas vezes ao longo de um período de dois anos, a maioria dos juízes concluiu que o Estado brasileiro não poderia aplicar o ano de 1988 como um marco para a criação de territórios indígenas porque muitos povos indígenas haviam sido removidos à força de suas terras. antes de.

“Seria uma bagunça total”, disse Goka sobre a possibilidade de derrubar o veto, sem falar de uma “declaração de guerra” política, visto que o Supremo Tribunal já rejeitou a hipótese do prazo. “Eventualmente anular o veto teria o potencial de prejudicar, de uma só vez, o agronegócio, a economia, o clima global, as metas brasileiras do Acordo de Paris, os povos indígenas, a diversidade biossocial e a coalizão política que lidera o Brasil”, acrescentou. . .

Qualquer que seja a decisão do Congresso, as perspectivas para os direitos indígenas são sombrias, disse Aparicio. Imaginemos um cenário positivo em que a proposta do lobby rural fracasse. Depois temos o cenário que Lula concordou, [which is] incompleto. Claro, o prazo é pior. Mas escolhemos entre o mal e o pior.”

Os activistas indígenas afirmam que o prazo do projecto de lei é uma violação dos seus direitos humanos e territoriais fundamentais, uma opinião partilhada por especialistas que declararam a proposta inconstitucional. Contudo, a população rural considera necessário trazer certeza às disputas de terra em áreas onde as definições de fronteiras não são claras. Imagem © Juidson Alves/Agência Brasil.

Pontos de vista polarizados

Senador Marco Rogério Defender a proposta de prazoDizer que é uma oportunidade para restaurar a segurança jurídica nas áreas rurais do Brasil, onde as pessoas vivem em estado de insegurança devido à indefinição de fronteiras. Acrescentou que a decisão do Supremo Tribunal que considera o prazo inconstitucional não vincula o poder legislativo.

Segundo o senador Jaime Campos citado em Declaração do governoO projeto era uma forma de “respeitar os produtores rurais e os povos indígenas e alcançar a segurança e a paz no campo”.

Após a aprovação original do projeto, um grupo de 61 organizações da sociedade civil Postou uma mensagem Pedindo para Lula vetar toda a lei. O documento descreveu o projeto de lei de prazo como “a maior violação dos direitos humanos e das terras indígenas desde a restauração da democracia”.

As organizações exigiram que “a sociedade brasileira não possa mais aceitar a institucionalização da barbárie e espera que o Presidente da República cumpra seus deveres constitucionais e garanta a restauração dos direitos fundamentais e humanos dos povos indígenas”.

As comunidades indígenas do Brasil têm testemunhado um ataque implacável de ataques aos seus direitos territoriais durante anos, dizem as organizações indígenas, e a lei do prazo é mais um passo que visa enfraquecer as suas reivindicações territoriais. “Na última década, em particular, o Congresso Nacional vem tentando, a todo custo, inviabilizar a demarcação de terras indígenas – um confronto direto com a Constituição Federal de 1988”, disse. Simi.

Supremo Tribunal Federal anula proposta de prazo em favor dos direitos indígenas

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