Jair Bolsonaro reúne seus apoiadores com demonstração de poder militar

O presidente Jair Bolsonaro reuniu dezenas de milhares de apoiadores em cidades de todo o Brasil na quarta-feira em uma demonstração de força pré-eleitoral que incluiu exibições das forças armadas do país.

Pára-quedas pousaram na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e aviões da Força Aérea sobrevoaram a orla em um espetáculo ostensivamente para marcar o bicentenário da independência do Brasil, mas críticos disseram que o presidente populista escolheu o evento para coincidir com um comício eleitoral no mesmo local. .

Os brasileiros vão às urnas em 2 de outubro, e Bolsonaro está atrás de seu principal rival, o ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, por cerca de 10 pontos percentuais.

Bolsonaro, um ex-capitão do Exército, deixou as pessoas nervosas com sua repetida recusa em dizer se aceitaria os resultados das eleições se perdesse. Isso levantou temores de que o Brasil possa enfrentar uma situação semelhante à dos Estados Unidos em 2020, quando Donald Trump alegou que a eleição presidencial foi fraudada.

Nos últimos dois anos, Bolsonaro ameaçou chamar a força militar, alegando que as Forças Armadas não aceitarão “decisões ridículas” do Supremo Tribunal ou do Congresso do país.

“Nossa luta é uma batalha entre o bem e o mal”, disse o líder de 67 anos na quarta-feira em um discurso mais suave do que o esperado.

Sua estreita relação com as Forças Armadas foi evidenciada pelas manobras militares, que o presidente ordenou que fossem realizadas além de sua marcha de mobilização.

A verdade é que o Brasil corre o risco de ruptura democrática. “As eleições serão um referendo sobre a democracia no Brasil”, disse Orlando Silva, parlamentar da oposição que apoia Lula.

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Acrescentou: “Minha impressão é que haverá desorganização no resultado eleitoral porque acredito que o atual presidente será derrotado, e será um grande teste de estresse para as instituições do Brasil”.

Enquanto poucos esperam qualquer tipo de intervenção militar, políticos e analistas da oposição se preocupam com o que pode acontecer se Bolsonaro simplesmente se recusar a aceitar o resultado da eleição.

O líder populista tem o apoio de mais de 20% do eleitorado, muitos dos quais estão dispostos a sair às ruas e jurar fidelidade aos seus ideais e agenda conservadora. Os críticos disseram que a possibilidade de tumultos semelhantes ao ataque de 6 de janeiro ao Capitólio dos EUA em 2021 não deve ser descartada.

O próprio patrão já indicou a possibilidade [that he may not accept the results]. “Ele tem uma base extremista com ele, que está fazendo política de forma agressiva”, disse Carlos Melo, professor de ciência política da Universidade Inspire, em São Paulo.

“O país corre o risco de se tornar comunista sob Lula”, disse Walter Brandau, um oficial de segurança de 51 anos que participou da manifestação junto com dezenas de milhares de outras pessoas.

“Lula destruiu o Brasil” durante seus dois mandatos entre 2003 e 2010, disse ele, acrescentando que Bolsonaro compartilha seus valores conservadores, incluindo a crença na família e em Deus.

Assim como Trump, Bolsonaro também procurou desacreditar a integridade das urnas eletrônicas do Brasil, alegando fraudes em eleições anteriores – incluindo a que ele venceu em 2018 – sem fornecer nenhuma evidência. Os opositores acreditam que é uma manobra para minar a credibilidade da pesquisa em caso de derrota.

Ele já havia exigido recibos de voto impressos, argumentando que uma auditoria em papel é necessária se o resultado for contestado. O Congresso rejeitou a proposta no ano passado.

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Nos últimos meses, os militares também levantaram questões sobre o sistema de votação que reflete algumas das críticas do presidente, sugerindo que alguns oficiais seniores são simpáticos ao seu relato.

Milhares de militares da ativa e da reserva servem no governo Bolsonaro – incluindo mais no poder executivo do que durante a ditadura do país de 1964-1985.

Em resposta às propostas do Exército, o Supremo Tribunal Eleitoral do Brasil incluiu um general no recém-criado Comitê de Transparência e está considerando sua proposta de usar a biometria dos eleitores.

Carlos Fico, professor de história da Universidade Federal do Rio de Janeiro, disse não acreditar que as Forças Armadas “promovam qualquer tipo de ruptura institucional”.

“[But] Ele disse que Bolsonaro estava tentando mostrar que tinha o apoio deles.

Nas últimas semanas, Bolsonaro minimizou marcadamente seus ataques ao sistema eleitoral, um desenvolvimento que, segundo analistas, reflete seu fracasso em convencer a sociedade de alegações de fraude.

Depois de reunir um grupo de diplomatas estrangeiros em Brasília para divulgar suas alegações, o Departamento de Estado dos EUA emitiu um memorando afirmando sua confiança no sistema brasileiro.

A sociedade civil também respondeu aos ataques do presidente. No mês passado, milhares de figuras públicas, artistas e empresários – que antes o apoiavam – lançaram uma campanha em defesa da democracia, chamando as eleições do país de “modelo para o mundo”.

“Tudo isso reduz suas chances de concorrer com sucesso nas eleições”, disse Milo, do Insper. “Claro, a oportunidade ainda existe, mas hoje é menor do que era no passado.”

Reportagem adicional de Carolina Ingiza

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