Fintechs brasileiras dominam na América Latina – Digital Journal

Daniela Benatti, cofundadora da fintech Pismo, na sede de sua empresa, em São Paulo, em 2 de agosto de 2023 – Copyright AFP Ed Jones

Logan Scarpinelli

Quando as irmãs brasileiras Daniela e Giuliana Benatti pediram demissão para lançar um novo produto fintech, seus colegas as chamaram de “lunáticas arrogantes”.

Mas, infelizmente, eles acabaram fundando uma empresa que foi adquirida pela gigante norte-americana de cartões de crédito Visa este ano por US$ 1 bilhão.

A Bismo, como é chamada a empresa criada pelos empreendedores em 2016, é o mais recente grande caso de sucesso de uma empresa brasileira do setor fintech – a empresa que mais atrai capital de risco no Brasil e na América Latina em geral.

“Quando eu tinha 16 anos, minha mãe me mandou deixar meu currículo nos bancos da (famosa rua) Rua Paulista para conseguir trabalho”, disse Daniela Benati (46 anos), que cresceu em uma família humilde no interior do país. cidade grande. São Paulo.

Muitos desses mesmos bancos acabaram se tornando seus clientes.

Com mais de 450 funcionários e cinco escritórios ao redor do mundo – no Brasil, Grã-Bretanha, EUA, Cingapura e Índia – a Visa adquiriu a Pismo em junho, em um dos maiores negócios até o momento no setor de tecnologia brasileiro.

O Brasil expandiu assim o seu rebanho de startups com uma capitalização de mercado de pelo menos mil milhões de dólares, para 21 de um total de 38 na América Latina como um todo.

“Muita gente achou que éramos malucos”, disse Daniela Benati, diretora de tecnologia da empresa.

Ela disse que ela e a irmã tiveram que “romper muitos preconceitos para criar uma empresa brasileira de tecnologia em nível internacional, mas estávamos convencidos” de que daria certo.

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A Pismo produz tecnologia projetada para facilitar aos bancos o lançamento de produtos de cartão e pagamento.

Isso permitirá que a Visa atenda seus clientes, não importa onde eles estejam ou que moeda usem, porque as ferramentas tecnológicas do Pismo são baseadas na nuvem e podem ser acessadas de qualquer lugar, disse o CEO do Pismo, Ricardo Josua, em um anúncio conjunto com a Visa.

Outras fintechs estabelecidas na maior economia da América Latina têm demonstrado potencial de crescimento, como o Nubank, um dos maiores bancos online do mundo, listado em Wall Street e com quase 84 milhões de clientes; Ou o Neon Bank, outro banco desse tipo, que em 2022 recebeu um investimento de 300 milhões de dólares do gigante bancário espanhol BBVA.

– Ecossistema atraente –

O Bismo e seus antecessores “mostraram que o Brasil é o ecossistema mais maduro da região para a criação de empresas fintech”, disse Diego Herrera, especialista do Departamento de Comunicações, Mercados e Finanças do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

O Brasil, especialmente as suas empresas fintech, atraiu 40% dos cerca de 8 mil milhões de dólares em capital de risco que a América Latina recebeu em 2022, afirmou a Associação Latino-Americana de Investimento em Capital Privado.

Isso se deve principalmente ao tamanho do mercado brasileiro, onde 84% da população adulta possui conta bancária em um país de 203 milhões de pessoas, disse Eduardo Fuentes, chefe de pesquisa de uma plataforma de inovação chamada Distrito.

Fuentes acrescentou que o grande papel do Brasil na atração de fundos de capital de risco também decorre do facto de apenas alguns bancos controlarem este enorme mercado, causando “muitos problemas que os empresários estão a tentar resolver”, citando como exemplo os custos elevados.

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Além disso, “o Brasil atrai investidores internacionais porque tem as competências e um ambiente propício à inovação”, disse Fuentes, citando coisas como plataformas de crowdfunding, instituições de pagamento e PIX, um sistema revolucionário para fazer pequenos pagamentos instantâneos.

Herrera disse que o Brasil “continua sendo o país mais atraente da região e continua a atrair investimentos”, apesar dos fluxos de dinheiro terem caído dos níveis recordes alcançados durante a pandemia, com a desaceleração da economia global e o aumento das taxas de juros.

-Oportunidades-

Existem 869 empresas fintech no Brasil, o que lhe confere o oitavo lugar no ranking global desta categoria criado pela empresa de serviços financeiros Finnovating.

A maioria deles tem foco em crédito, pagamentos e gestão financeira, disse Mariana Bonora, presidente da ABFintechs.

Bonura acrescentou que “muitas oportunidades surgem em áreas negligenciadas” pelos bancos tradicionais, como produtos que servem pessoas vulneráveis ​​ou empreendedores.

O banco online Quora – visto como um unicórnio em potencial – adquiriu uma dessas lojas para construir seu negócio.

“Atendemos pequenas e médias empresas, que representam mais de 90 por cento de todas as empresas neste país, com custos mais baixos e menos burocracia”, disse o cofundador do Quora.

Este banco, com sede em São Paulo, recebeu US$ 116 milhões em financiamento internacional durante a pandemia e tem 400 funcionários e 1 milhão de clientes.

Olhando para o futuro, o Brasil espera fortalecer seu ecossistema fintech graças ao sistema de “financiamento aberto” promovido pelo banco central do país, que facilitará a troca de dados entre instituições, disse Herrera.

Outras fontes de inovação serão a regulamentação dos criptoativos e a implementação da verdadeira moeda digital, a moeda brasileira.

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