Desmatamento na Amazônia chega ao máximo em 15 anos

RIO DE JANEIRO – A promessa do Brasil neste mês de acabar com o desmatamento ilegal em oito anos atraiu elogios de líderes mundiais, mas um relatório oficial esta semana lançou dúvidas sobre esse compromisso ao mostrar que a taxa de desmatamento na floresta amazônica foi na pior das hipóteses em 15 anos .

Na conferência das Nações Unidas sobre o clima em Glasgow, Brasil, empenhada em reverter sua reputação como um rompimento ambiental sob o presidente Jair Bolsonaro, juntou-se a mais de 100 países na promessa de acabar com o desmatamento. De acordo com o plano, o Brasil disse que reduziria o desmatamento na Amazônia em 15 por cento no próximo ano.

Mas o relatório Lançado na quinta-feira Pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, ou Inpe, foi mostrado que a maior floresta tropical do mundo perdeu 5.100 milhas quadradas de cobertura arbórea de agosto de 2020 a julho de 2021.

Dados de satélite indicaram que o desmatamento aumentou cerca de 22% em relação ao ano anterior. Também foi a primeira vez que o país registrou aumento no desmatamento pelo quarto ano consecutivo. Desde que Bolsonaro se tornou presidente em 2019, o país perdeu mais área florestal do que a Bélgica.

“Não é surpreendente”, disse Daniel Azerido, procurador federal especializado em crimes ambientais. “O resultado da desconstrução da política ambiental do Brasil é o desmatamento”.

Somando-se a dúvida se o Brasil alcançará essas metas, o relatório é datado de 27 de outubro, quatro dias antes do início da cúpula do clima, conhecida como COP26, indicando que o governo de direita tem as informações com antecedência. Mas em entrevista coletiva na noite de quinta-feira, o ministro do Meio Ambiente, Joachim Leit, negou ter conhecimento dos números durante a cúpula do clima, onde chefiou a delegação do Brasil.

“Talvez a Enppi tenha demorado a divulgar esses dados por precaução”, disse ele a repórteres. “A informação que tenho é que foi publicado hoje e esse número não é aceitável.”

Acioli de Olivo, vice-presidente do consórcio que representa os pesquisadores espaciais que trabalham para o governo federal, disse que sua equipe investigou o momento da publicação do relatório. Ele disse que o relatório estava pronto em meados de outubro e carregado em uma plataforma do governo que as autoridades podem acessar antes do início da conferência do clima.

“Parece uma piada, eles dizendo que não sabiam nada sobre o relatório”, disse ele.

Isabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente de um governo de esquerda, disse que o incidente não apenas refletiu a incompetência do atual governo, mas também que suas promessas ao topo visavam apenas limitar os danos.

“O Brasil só poderá cumprir suas obrigações quando este governo deixar o cargo”, disse ela. Estamos completamente impacientes. Não há diálogo para se ter. “

Bolsonaro assumiu o cargo prometendo desenvolver, em vez de proteger, a Amazônia, o que os críticos acreditam ter prejudicado seriamente a capacidade do país de atrair investimentos e negociar acordos econômicos favoráveis ​​no cenário internacional.

Com Bolsonaro concorrendo a um segundo mandato em uma eleição marcada para o ano que vem, suas políticas que minam as agências de proteção ambiental e incentivam os mineiros e fazendeiros a ocupar a Amazônia estão fadadas a estar em foco. A severa crise econômica aumentou o desemprego e esmagou seus índices de aprovação nos últimos meses.

Os novos dados também foram divulgados como União Européia E Estados Unidos da America Discute a legislação que impediria a importação de bens associados ao desmatamento. Se essas leis forem promulgadas sob um governo brasileiro incapaz de controlar o abuso ambiental, elas podem afetar gravemente o agronegócio local, que é o coração da economia do país.

Se houver vontade política, o Brasil tem as ferramentas para cumprir os compromissos que assumiu, disse Marcio Astrini, que dirige o Observatório do Clima, uma organização de proteção ambiental no Brasil. Entre 2004 e 2012, as taxas de desmatamento caíram 80%.

“É um trabalho de oito anos e vai ser um trabalho árduo”, disse ele. “Mas já fizemos isso antes.”

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