Brasil apresenta plano de investimentos de US$ 350 bilhões para impulsionar a economia

(Bloomberg) — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou na sexta-feira um programa de investimento em infraestrutura de US$ 350 bilhões para impulsionar a economia do Brasil e dar o pontapé inicial na transição verde.

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A maior parte da soma – US$ 264 bilhões – será investida até 2026. O líder de esquerda e seus aliados elaboraram o plano como uma versão brasileira das leis apoiadas pelo presidente Joe Biden que buscavam estimular a economia dos EUA com cerca de US$ 1 trilhão em nova infraestrutura. projetos e iniciativas de energia limpa.

A proposta leva o mesmo nome do plano de investimentos traçado por Lula em 2007, durante sua presidência anterior – o Plano de Aceleração do Crescimento, ou PAC.

Mas, desta vez, o governo Lula diz que dará atenção especial à sua agenda ambiental e promete priorizar o desenvolvimento econômico sustentável.

Contará com uma combinação de fundos federais, concessões e parcerias público-privadas para ajudar a financiar uma série de projetos de transporte, saneamento e transformação ambiental. Cerca de US$ 220 bilhões virão de fundos públicos, com o setor privado pagando US$ 125 bilhões adicionais, de acordo com um comunicado divulgado na sexta-feira.

Os projetos de transformação de energia receberão um total de US$ 110 bilhões.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os elementos do plano do PAC fazem parte de um esforço maior para iniciar uma “transformação ecológica” da economia brasileira que incluirá novos regulamentos para mercados de carbono e emissão de títulos verdes. O governo se prepara para realizar a primeira venda sustentável de títulos do país ainda este ano.

Falando em um evento anunciando o plano no Rio de Janeiro, Haddad disse que o pacote de propostas tornaria o Brasil mais atraente para os investidores, ao mesmo tempo em que equilibraria as metas ambientais de Lula com os esforços para reduzir a pobreza.

“Nosso plano não pode e não será semelhante ao dos países desenvolvidos”, afirmou. “Os perfis de emissão são diferentes, o que justifica uma estratégia diferente. O desafio de superar a pobreza em um país ainda marcado por profundas desigualdades sociais é tão importante quanto o desafio ambiental.”

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O Chefe do Gabinete, Rui Costa, disse no evento que o Governo estima criar 4 milhões de postos de trabalho.

O CEO Jean-Paul Pratis disse que a petrolífera estatal brasileira, Petróleo Brasileiro SA, contribuiria com US$ 66 bilhões. A gigante do petróleo, que teve papel de destaque no programa original, tem um plano estratégico de cinco anos no valor de US$ 78 bilhões, e estuda aumentá-lo entre 2024 e 2028. Prevê alocar até 15% do total. investimentos em projetos de baixo carbono.

Aloysio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento do Brasil, disse que o novo banco de desenvolvimento – uma instituição criada pelo bloco de mercados emergentes que inclui o Brasil – contribuirá com US$ 2,7 bilhões em financiamento para projetos sustentáveis.

Um plano anterior de aceleração do crescimento ajudou a impulsionar o investimento público sob Lula e sua sucessora, a ex-presidente Dilma Rousseff, que agora dirige o Novo Banco de Desenvolvimento. Isso levou à construção de centenas de rodovias, pontes, projetos hidrelétricos, refinarias e linhas de transmissão.

Mas muitos de seus projetos, que foram adquiridos por grandes empresas locais de infraestrutura, enfrentaram posteriormente investigações sobre alegações de corrupção. O programa ajudou a dar origem à Operação Lava Jato, uma investigação de corrupção de anos que colocou centenas de líderes empresariais e políticos – incluindo Lula, temporariamente – atrás das grades.

Outros provocaram reações negativas devido ao seu impacto ambiental. O PAC financiou a construção de refinarias de petróleo, como um grande complexo petroquímico no Rio de Janeiro, e a represa de Belo Monte, um projeto hidrelétrico na floresta amazônica que encontrou forte oposição de tribos indígenas e ambientalistas.

O legado do PAC pode criar desafios para o novo programa. As investigações de corrupção levaram muitas das empresas envolvidas à falência. Enquanto isso, o fim de uma era de investimento público maciço atingiu empresas que não estavam envolvidas, muitas vezes resultando em grandes dívidas, demissões e disputas legais.

Como resultado, o governo terá que realizar grandes projetos sem muitos grandes empreiteiros que os entregaram no passado.

(Atualizações com comentários dos ministros do governo a partir do sétimo parágrafo, adicionando detalhes ao longo)

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