Atualização 3 – Economia brasileira desacelera acentuadamente, evitando contração esperada

(Adiciona o comentário do Ministro das Finanças nos parágrafos 4-5, dados sobre inflação e taxas de juro no parágrafo 6)

Escrito por Marcella Ayres

Brasília (5 de dezembro) (Reuters) –

A economia do Brasil evitou a contracção no terceiro trimestre, continuando uma série de crescimento melhor do que o esperado, mas a desaceleração acentuada destacou uma perspectiva mais lenta para a actividade devido ao menor investimento e ao efeito de desvanecimento de uma colheita forte.

A maior economia da América Latina cresceu 0,1%, com ajuste sazonal, nos três meses até setembro, informou a agência governamental de estatísticas IBGE na terça-feira. Os economistas esperavam um declínio de 0,2% em uma pesquisa da Reuters.

Embora a desaceleração não tenha sido tão difícil quanto o esperado, os dados do PIB reforçaram as expectativas de que o banco central do Brasil continue a cortar as taxas de juro, com a inflação a desacelerar rapidamente desde o seu pico em 2022.

“Tivemos um PIB positivo mas fraco”, disse o ministro das Finanças, Fernando Haddad, aos jornalistas em Berlim, prevendo um crescimento de mais de 3% este ano e um crescimento de cerca de 2,5% no próximo ano.

“Mas o banco central precisa de fazer o seu trabalho”, acrescentou o ministro, destacando as altas taxas de juro e a baixa inflação.

O banco central do Brasil começou a cortar as taxas de juros em agosto, a partir do maior nível em seis anos, e já cortou as taxas de juros em 150 pontos base, para 12,25%. A inflação acumulada em 12 meses caiu para 4,84% em meados de novembro, de um pico de 12,13% em abril de 2022.

O IBGE revisou o crescimento do segundo trimestre para 1,0%, de 0,9% anteriormente, e revisou o crescimento do primeiro trimestre para 1,4%, de 1,8% anteriormente.

No terceiro trimestre, a atividade de serviços e a produção industrial cresceram 0,6%, enquanto a produção agrícola diminuiu 3,3%.

“É difícil prever o que acontecerá no quarto trimestre, dada a volatilidade da produção no sector agrícola”, disse William Jackson, economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics. “O panorama geral é que o forte crescimento que vimos no primeiro semestre do ano chegou ao fim.”

“Acreditamos que a economia está a entrar numa fase de crescimento mais fraco – mais próximo das taxas de crescimento de 1,0-1,5% registadas nos anos anteriores à pandemia.”

Foi o terceiro trimestre consecutivo de crescimento econômico, elevando o Produto Interno Bruto ao máximo histórico, 7,2% acima do nível pré-pandemia, segundo o IBGE.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou medidas este ano para aumentar a renda disponível das famílias, o que deu um impulso contínuo aos gastos das famílias.

O consumo das famílias aumentou 1,1% no terceiro trimestre, enquanto os gastos do governo cresceram 0,5%. O investimento fixo comercial diminuiu 2,5% face ao trimestre anterior.

“O consumo das famílias aumentou, talvez impulsionado pelo bom desempenho contínuo da inflação, o que contribui para a renda real e o poder de compra”, disse Felipe Salto, economista-chefe da Warren Reina. Ele disse que os investimentos fixos ainda sofrem com altos custos de empréstimos.

Em comparação com o ano anterior, o crescimento de 2,0% da economia foi ligeiramente superior ao aumento de 1,9% que os economistas esperavam, mas bem abaixo dos 3,5% registados no trimestre anterior. (Reportagem de Marcella Ayres; edição de Brad Haynes e Chizuo Nomiyama)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *