Atualização 1- As críticas aos planos econômicos de Lula se intensificaram quando os mercados brasileiros despencaram

(Adiciona detalhes sobre a Petrobras)

Por Gabriel Araújo

SÃO PAULO (Reuters) – As críticas às políticas econômicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se intensificaram nesta quarta-feira, com analistas e um importante jornal criticando ministros depois que os mercados domésticos despencaram nos primeiros dois dias do esquerdista no cargo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um partidário de Lula que fez uma candidatura fracassada à presidência como candidato de esquerda do Partido dos Trabalhadores em 2018, estava entre os principais alvos, com o jornal de sua cidade natal O Estado de São Paulo chamando-o de “ministro da condecoração” em Quarta-feira.

Haddad, ex-prefeito de São Paulo, assumiu o cargo prometendo restaurar as contas públicas e desafiar a introdução de uma estrutura fiscal confiável depois que o Congresso aprovou o gigantesco pacote de gastos sociais de Lula.

Lula disse que a erradicação da pobreza e da fome seriam as “características” de seu governo, levando a temores de gastos desenfreados e pouca disciplina fiscal.

Os mercados reagiram mal aos primeiros dias de Haddad no cargo, especialmente depois que Lula ordenou uma extensão da isenção do imposto de combustível que Haddad se opôs publicamente.

O diário conservador disse em editorial: “Haddad sabia no primeiro dia de mandato que seria uma figura de Zina, uma espécie de trabalho na missão do presidente Lula”.

O jornal, que não hesitou em criticar o ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, acrescentou que Haddad “se desacreditou desde o primeiro dia” e precisa aprender a dizer “não” a Lula.

Analistas do Citi disseram na terça-feira que, embora os primeiros discursos de Lula e Haddad no cargo fossem consistentes com o cenário básico, ambos pareciam menos pragmáticos e materialmente responsáveis ​​do que se pensava inicialmente.

“No geral, eles dão a impressão de um governo surdo – pelo menos em termos dos tipos de tom que os mercados financeiros querem ouvir”, disseram os estrategistas forex da BMO Capital Markets aos clientes, acrescentando que seus comentários podem levar a uma situação em que “a inflação reafirmará e os cortes nas taxas de juros estarão fora da janela.”

O real brasileiro caiu 3,8% em relação ao dólar nas últimas três sessões, atingindo seu nível mais baixo desde julho de 2021, enquanto o índice de ações de referência Bovespa caiu cerca de 5% até agora este ano.

Na negociação da manhã de quarta-feira, pouco mudou em ambos.

reparos reversos

Grande parte do recente declínio do mercado de ações veio da gigante estatal do petróleo Petrobras, cujas ações caíram quase 9% até agora este ano devido a preocupações de uma postura mais intervencionista da empresa.

O senador Jean-Paul Pratis, indicado por Lula para presidir a empresa, defendeu o aumento dos investimentos da Petrobras em fontes renováveis ​​de energia e refino, e disse que pretende alterar a política de preços de combustíveis da empresa, que vincula os combustíveis nacionais aos internacionais e preços estrangeiros. taxa de conversão.

Além disso, os mercados também foram abalados pelas declarações de Lula aos ministros da Previdência Social e do Trabalho na terça-feira.

O ministro Carlos Loppi confundiu o mercado com seus comentários de que o sistema previdenciário do país não era deficitário, apesar dos números do tesouro mostrarem um déficit acumulado de janeiro a novembro de 267,9 bilhões de reais (US$ 49 bilhões).

Isso foi agravado quando ele disse que o governo Lula precisaria rever a reforma da previdência favorável ao investidor aprovada pelo governo Bolsonaro.

Criticando a reforma trabalhista de 2017 aprovada pelo ex-presidente Michel Temer, o ministro do Trabalho, Luiz Marineau, disse que o novo governo priorizará a regulamentação das relações trabalhistas criadas por meio de aplicativos móveis e plataformas digitais.

Analistas do Investments Guide disseram que seus comentários mostram que “o governo ainda está no caminho de reverter as reformas liberais endossadas pelos dois últimos presidentes”.

(US$ 1 = 5,4797 riais)

(Reportagem de Gabriel Araujo; Edição de Nick Zieminski e Frank Jack Daniel)

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