A maior privatização dos portos brasileiros reconhece o tribunal de contas crucial
A privatização do maior e mais movimentado porto brasileiro de Santos remove outra barreira. De fato, o relatório final emitido pelo Tribunal de Contas da União, TCU, não expressou maiores reservas sobre o processo de privatização.
As modificações exigidas pelo Tribunal de Contas foram consideradas pequenas pelas autoridades que apoiam esse projeto, que é uma das prioridades do governo do presidente Bolsonaro na área de infraestrutura. Apesar disso, o processo foi adiado várias vezes no passado recente.
O documento do Departamento de Fiscalização da Infraestrutura Portuária e Ferroviária, conhecido como Sinfra, foi enviado ao relator, ministro Bruno Dantas, que quer discutir o processo em plenário na próxima semana. No entanto, as maquinações dos bastidores tentam atrasar o processo novamente, pedindo a um dos ministros do tribunal que abra um processo de revisão. Assessores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva manifestaram sua oposição ao projeto e não estão dispostos a apoiá-lo quando entrar em vigor em 2023.
O governo fez duas emendas voluntariamente em conversas com auditores. Uma delas diz respeito ao aumento do custo médio ponderado de capital (WACC), que passou dos 7,35% inicialmente propostos para 8,73% ao ano. A outra foi a alteração do valor mínimo da outorga, que passou de R$ 3,015 bilhões para R$ 2,557 bilhões.
O que está em jogo na Justiça é a privatização da Capitania dos Portos de Santos (antiga Codesp) e, com ela, a concessão das instalações da Capitania dos Portos a particulares pelo prazo de 35 anos, com possibilidade de prorrogação de contrato por cinco anos (em caso de reequilíbrio econômico). O contrato prevê R$ 6 bilhões em investimentos e outros R$ 20,6 bilhões em despesas operacionais, incluindo dragagem.
O Porto de Santos, segundo maior da América Latina e 45º do mundo em contêineres, movimenta 27% do total do comércio exterior brasileiro. No ano passado, recebeu 147 milhões de toneladas de cargas e 4,8 milhões de contêineres. Dez mil caminhões e 1.200 vagões passam diariamente pelo complexo portuário.
Entre as melhorias citadas pelos que defendem a privatização estão o aprofundamento das hidrovias para 16 metros até 2026 e 17 metros até 2033 (hoje são 15 metros), novos cais de carga, realocação do terminal de passageiros para a região do Falongo e investimento de R$ 664 milhões para o negócio Estradas e construção de túnel subaquático em Santos Guaruga. Além disso, a implantação do VTMIS (Sistema de Gerenciamento de Tráfego Portuário) e ISPS Code (Sistema de Segurança) faz parte dos requisitos contratuais.
No entanto, o Partido dos Trabalhadores de Lula é a favor de uma oferta pública da Capitania dos Portos de Santos, mantendo o controle nas mãos do Estado, além de oferecer concessões para serviços específicos, como dragagem.
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