Produtos feitos de plástico falsamente considerado biodegradável estão à venda em supermercados brasileiros

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um favor Estádio Publicado na revista Ciências Mostrou que cerca de 6,3 mil milhões de toneladas métricas de polímero plástico foram produzidas e eliminadas na história da humanidade e que apenas 9% foram reciclados; 12% foram queimados e os restantes 79% foram deixados a apodrecer em aterros ou lixeiras, dos quais cerca de 10% chegaram à costa e eventualmente ao mar.

Esses números remontam a oito anos. A situação é certamente pior agora. Embora alguns países tenham declarado políticas de “plástico zero”, as fábricas continuam a produzir 400 milhões de toneladas de plástico anualmente e a quantidade deitada fora continua a acumular-se.

Como resultado, a poluição por microplásticos (fragmentos com menos de 5 milímetros de comprimento) tornou-se um dos piores problemas ambientais do mundo, não menos grave que a crise climática. Os microplásticos são encontrados em toda parte, na terra, no mar e no ar. Foi encontrado até no corpo humano, na corrente sanguínea, no coração, nos pulmões e na placenta.

“Você não encontra microplásticos apenas em lugares que não procura”, disse Italo Castro, pesquisador e professor do Instituto de Ciências Marinhas da Universidade Federal de São Paulo (IMAR-UNIFESP), no Brasil.

Infelizmente, algumas tentativas de resolver o problema pioram as coisas, como mostra a investigação de Castro sobre greenwashing, na qual pesquisadores do IMAR-UNIFESP visitaram 40 supermercados e analisaram produtos que os fabricantes alegavam serem feitos de plástico biodegradável. As lojas pertencem a grandes redes de São Paulo e do Rio de Janeiro.

A amostra do estudo incluiu 49 produtos diferentes, entre pratos, talheres, copos, canudos, bandejas e outros utensílios, além de louças para festa. Em média, estes produtos custam 125% mais do que os seus homólogos feitos de plástico tradicional (não biodegradável). Nenhum deles, inclusive as grandes marcas, atendeu aos requisitos mínimos para serem considerados verdadeiramente biodegradáveis.

Os resultados são Publicados em Produção e consumo sustentáveis. A primeira autora do artigo é Beatriz Barbosa Moreno, Ph.D. Candidato com bolsa da FAPESP e Castro como orientador de tese.

“Para que um produto seja considerado biodegradável, ele deve ser convertido em água (H2O), gás carbônico (CO2), metano (CH4) e biomassa quando descartada no meio ambiente. Isto deverá acontecer de forma relativamente rápida, dentro de algumas semanas a um ano, embora não haja consenso sobre quanto tempo isto deverá levar. Castro disse que nenhum dos 49 itens investigados atendeu a esse requisito.

Ele acrescentou que mais de 90% deles são feitos de uma classe de materiais que se tornou conhecida como degradável por óxido. Apesar do nome, estes materiais não se decompõem em condições ambientais normais. São polímeros de origem fóssil com adição de sais minerais, o que acelera o processo de oxidação e desintegração, mas as peças podem permanecer no meio ambiente por décadas. A fragmentação não contribui para a deterioração. Acelera a formação de partículas microplásticas.

“Os plásticos oxodegradáveis ​​são proibidos em várias partes do mundo, incluindo a União Europeia”, disse Castro. “Na maioria dos casos, a proibição deveu-se à falta de evidências de biodegradabilidade em condições reais, associada ao risco de formação de microplásticos.”

Sistemas

O plástico oxodegradável não foi proibido no Brasil, onde pode ser vendido legalmente. Porém, além dos rótulos enganosos, os consumidores são enganados por muitas empresas que afirmam que seus produtos são certificados de acordo com normas técnicas relacionadas à biodegradação, como ASTM D6954-4 ou SPCR 141.

“Esses padrões apenas fornecem diretrizes para comparar taxas de decomposição e alterações nas propriedades físicas sob condições controladas de laboratório, e não se relacionam com os estágios finais da decomposição. Na verdade, as organizações que produzem os padrões declaram em seus sites que não possuem a ser usado para fins de certificação de produtos plásticos comerciais como biodegradáveis.

Para Castro, a afirmação de que um produto comercial é biodegradável pode ser considerada quando não é nada disso Lavagem Verde.

“Quando um produto comprovadamente prejudicial ao meio ambiente se torna amplamente utilizado, medidas formais devem ser tomadas para impedi-lo. No Brasil, o Senado está discutindo um projeto de lei (R.L.2524/2022“Isso proibiria o uso de aditivos degradantes ou oxidantes de óxido em resinas termoplásticas, bem como a fabricação, importação e comercialização de embalagens e produtos feitos de plástico degradável por óxido”, disse ele.

Se aprovado em sua forma atual, o PL 2524/2022 poderá permitir ao Brasil projetar uma transição para uma economia circular em plásticos, explicou Castro. “Esta transformação é urgentemente necessária”, acrescentou. “O IMAR-UNIFESP tem sede em Santos, litoral paulista. Em Santos detectamos acúmulo de microplásticos em ostras de mangue [Crassostrea brasiliana] E mexilhões marrons [Perna perna]. Ambos filtram a água do mar para alimentação e retêm partículas finas em seus tecidos, por isso são considerados o padrão ouro para avaliar as condições ambientais em áreas como estas. Os níveis que detectámos estavam entre os mais elevados do mundo, em comparação com dados de mais de 100 estudos semelhantes realizados em 40 países.

Em resposta às nossas indagações, o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA) do Brasil disse que apoia o PL 2.524/2022, mas com algumas modificações. Ela sublinhou que “o Ministério apoia a proibição de aditivos que causam oxidação e estimulam a oxidação com base em estudos que mostram que as partículas de microplástico surgem quando estes aditivos provocam a decomposição do plástico, o que é particularmente prejudicial para o ambiente marinho”.

A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) também emitiu um comunicado afirmando que apoia a proibição do uso de aditivos degradáveis ​​por óxidos em produtos plásticos. Mas se opõe à Lei PL 2.524/2022, que considera “uma fusão de economia circular com a proibição de produtos plásticos e visando uma categoria de materiais”. O texto diz ainda que “a economia circular implica uma mudança sistémica e, portanto, requer uma abordagem holística que inclua todos os setores da indústria transformadora”.

Enquanto isso, outra conta –RO 1874/2022 (Estabelecimento de uma Política Nacional de Economia Circular) – inclui disposições importantes relacionadas com a gestão estratégica de recursos, promoção de novos modelos de negócio, investimento em investigação e inovação, apoio à transição para tecnologias de baixo carbono através da criação de condições atractivas para o investimento público e privado, entre outras disposições.

O comunicado enviado pela ABIPLAST afirma “confiar que um debate sério, rigoroso e de base científica fomentará o diálogo construtivo sobre o uso correto do plástico e todos os benefícios que o material trouxe à sociedade”. promover a economia circular deste material, investindo em tecnologia, sustentabilidade e inovação.”

Mais Informações:
Beatriz Barbosa Moreno et al., Alta taxa de falsas alegações de biodegradação relacionadas a itens plásticos descartáveis ​​vendidos no Brasil, Produção e consumo sustentáveis (2023). doi: 10.1016/j.spc.2023.07.024

Informações da revista:
Ciências


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