Presidente brasileiro veta projeto de lei que limita reivindicações de terras indígenas

A legislação sobre direitos à terra, apoiada pelo poderoso sector do agronegócio, é vista por alguns críticos como uma tentativa de contrariar os esforços de Lula para reforçar a protecção ambiental e proteger as terras indígenas, após a sua promessa de campanha de demarcar novos territórios tribais.

AFP/BSS

21 de outubro de 2023, 10h35

Última modificação: 21 de outubro de 2023, às 10h37

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, observa durante uma coletiva de imprensa em um hotel após a cúpula do G20 em Nova Delhi, Índia, 11 de setembro de 2023. Reuters Anushree Fadnavis

“> O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista coletiva em um hotel após a cúpula do G20, em Nova Delhi, Índia, 11 de setembro de 2023. Reuters Anushree Fadnavis

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, observa durante uma coletiva de imprensa em um hotel após a cúpula do G20 em Nova Delhi, Índia, 11 de setembro de 2023. Reuters Anushree Fadnavis

O presidente do Brasil anunciou na sexta-feira que vetará parcialmente um projeto de lei que restringe as reivindicações dos grupos indígenas às suas terras ancestrais, anulando a recente aprovação da legislação pelo Congresso.

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, anunciou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetaria uma cláusula-chave do projeto de lei que só teria reconhecido o direito dos povos indígenas de reivindicar terras que ocuparam ou foram legalmente disputadas em outubro de 1988, quando a constituição foi ratificada.

A legislação sobre direitos à terra, apoiada pelo poderoso sector do agronegócio, é vista por alguns críticos como uma tentativa de contrariar os esforços de Lula para reforçar a protecção ambiental e proteger as terras indígenas, após a sua promessa de campanha de demarcar novos territórios tribais.

Padilha disse que o veto do presidente seria parcial e não total, conforme solicitado pelos movimentos indígenas, e que o restante do projeto será transformado em lei.

“Tudo que ataca os direitos indígenas, contraria a Constituição e decisões recentes do tribunal, foi anulado”, disse Padilha.

O projecto de lei provocou uma reacção negativa devido ao “argumento do prazo” de 1988, ou à tese temporal de Marco, que foi defendida pelo poderoso lobby agrícola do país.

Grupos indígenas entraram com uma ação judicial argumentando que muitas pessoas foram expulsas de suas terras ancestrais, inclusive durante a ditadura militar que governou o Brasil entre as décadas de 1960 e 1980.

A Suprema Corte ficou do lado dos ativistas indígenas e climáticos no mês passado.

Mas dias depois, o Congresso aprovou a legislação, contradizendo a decisão do tribunal.

O veto do presidente entrará em vigor após ser publicado no Diário Oficial e será analisado pelo Congresso, que ainda poderá derrubá-lo, representando mais um desafio ao Supremo.

Sonia Guajajara, a primeira ministra dos Assuntos Indígenas do Brasil, nomeada por Lula, classificou a medida do presidente como uma “grande vitória”.

Ela disse: “A objeção ao prazo reafirma a decisão do Supremo Tribunal e garante a coerência do governo com a agenda nacional, ambiental e internacional”.

Muitos ambientalistas consideram a criação de reservas indígenas protegidas pelo Estado uma das melhores formas de combater o desmatamento e, com ele, as mudanças climáticas.

Segundo dados da Funai, órgão governamental de defesa dos povos indígenas, as reservas ocupam 13,75% do território do país.

Os povos indígenas representam 1,7 milhão da população de 203 milhões do Brasil.

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