O movimento plus size está reformulando a moda no Brasil

Desafiando o estereótipo estreito de beleza no mundo da moda, a estilista plus size brasileira Amanda Momente se posiciona com confiança diante das câmeras, vestindo a grife de roupas que fundou depois de não conseguir encontrar outras opções que se encaixassem.

Mais da metade dos adultos no Brasil está acima do peso, mas Momente faz parte de um movimento crescente de empresários, ativistas e modelos que estão cansados ​​de uma indústria da moda que dizem não atender às suas necessidades e os envergonha por seus corpos.

“A sociedade me julgou com base em uma coisa, então peguei essa coisa e usei…

A ex-corretora de imóveis, que usa um moicano rosa e várias tatuagens, teve a ideia depois de se sentir desconfortável na academia com roupas que ela diz serem muito justas, que ficam transparentes quando apertadas ou amontoadas nas coxas.

Ela decide procurar uma costureira para ajudá-la a fazer suas próprias roupas de ginástica.

Acontece que ela largou o emprego e mergulhou de cabeça no mundo da moda, diz ela.

A ascensão de roupas coloridas e elegantes para brasileiros corpulentos faz parte de uma tendência internacional mais ampla que rejeita padrões de beleza irrealistas, especialmente para mulheres.

“A indústria da moda precisa se adequar aos nossos corpos, e não o contrário”, diz Momenti.

– Identidade e dignidade –

Grandes marcas tendem a dedicar no máximo uma pequena parcela de suas linhas a roupas plus size, o que deixa a demanda “reprimida”, diz Marcela Lis, presidente da Associação Brasil Plus Size.

O setor plus size do Brasil cresceu mais de 75% na década até 2021, atingindo vendas de 9,6 bilhões de reais (cerca de US$ 1,9 bilhão) naquele ano, segundo a associação.

A expectativa é que as vendas cheguem a 15 bilhões de riais até 2027 na maior economia da América Latina.

“A oferta melhorou, mas ainda não atendemos a demanda”, diz Liz.

A indústria emergente foi a São Paulo este mês na feira Pop Plus, onde estilistas independentes exibiram saias brilhantes, tops curtos, camisas estampadas ousadas e outras roupas em tamanhos até 70.

“O mercado via os gordos como pessoas que não gostavam de moda, que só queriam esconder o corpo”, diz Flavia Durante, ativista que fundou a galeria em 2012.

“Tínhamos roupas, não moda”, disse à AFP.

“Moda não é apenas sobre consumo. É sobre identidade e dignidade.”

– Mais trabalho a fazer –

A apresentadora de TV e modelo plus size Letticia Munniz desfilou na deslumbrante São Paulo Fashion Week, foi capa de revistas e foi o rosto de várias campanhas publicitárias.

Mas ela diz que a verdadeira inclusão ainda está longe de pessoas com sobrepeso e obesidade no Brasil – 57% e 23% da população adulta, respectivamente, no país de 203 milhões de pessoas.

“As coisas melhoraram, mas nosso trabalho ainda é visto apenas como uma caixa de seleção de cotas. Não somos vistos como verdadeiros iguais”, diz ela.

A ativista e influenciadora, que costuma usar roupas sob medida, diz que está feliz em ver mais tamanhos plus size nas passarelas – mas acrescenta que isso não significa necessariamente que já estejam disponíveis nas lojas.

Ela, que tem mais de um milhão de seguidores nas redes sociais, os incentiva a se amarem do jeito que são.

“Quando você encontra algo feito para glorificar seu corpo em vez de escondê-lo, isso muda tudo”, diz ela em um dos posts.

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