Por Tatiana Bautzer, André Romani e Camila Moreira
São Paulo (Reuters) – Os mercados financeiros receberam nesta segunda-feira um apoio mais forte do que o esperado ao presidente Jair Bolsonaro no primeiro turno da eleição presidencial, como esperado por banqueiros e analistas após o primeiro turno de domingo . 30 de outubro segundo turno.
O rival de esquerda de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não conseguiu obter a vitória no primeiro turno da votação no domingo. A vantagem de Lula de 5 pontos percentuais foi mais dura do que a maioria das pesquisas mostraram.
O duro resultado de Lula pode forçá-lo a manter políticas econômicas mais moderadas, dizem observadores, com a campanha revitalizada por Bolsonaro, que prometeu reformas e privatizações que interessam a muitos investidores.
“Acho que as pessoas verão as reformas como mais prováveis e as ações poderão ter um forte rali na segunda-feira”, disse Ricardo Lacerda, fundador e CEO do banco de investimentos BR Advisory Partners, acrescentando que acredita que Bolsonaro pode assumir a liderança.
Nos mercados de câmbio, o real brasileiro subiu cerca de 2% perto da abertura, enquanto os futuros de ações do Índice Bovespa brasileiro subiram 3,4%. Os futuros de taxas de juros caíram acentuadamente na abertura.
Sergio Vall, economista-chefe da MB Associados, disse esperar que os mercados financeiros se regozijem com a perspectiva de um segundo turno de votação, que “leva Lula mais ao centro do palco e tem que negociar mais nas próximas semanas”.
Ele acrescentou que o forte desempenho dos aliados de Bolsonaro no Congresso também pode limitar o espaço de Lula para fazer mudanças políticas drásticas se ele retornar à presidência.
Analistas do JPMorgan liderados por Emy Shayo Cherman indicaram em nota a clientes na semana passada que uma disputa acirrada entre Lula e Bolsonaro elevaria os mercados.
“Isso abre duas possibilidades: Lula se movendo mais para o meio, talvez até precisando apontar seu ministro da Fazenda, e as chances de vitória de Bolsonaro são maiores do que a média das pesquisas de opinião.”
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, destacou as principais ações que podem reagir às expectativas sobre a votação.
A perspectiva de uma vitória definitiva de Lula no primeiro turno aumentou as ações de empresas de educação com fins lucrativos e construtoras de casas, apostando que Lula oferecerá incentivos a seus setores, como fez seu Partido Trabalhista no passado.
Por outro lado, perspectivas mais fortes para Bolsonaro podem aumentar as ações de empresas estatais como Banco do Brasil SA e Petróleo Brasileiros SA (Petrobras). Ambos são candidatos a uma possível privatização depois que Bolsonaro entregou o controle da ex-estatal Centrais Elétricas Brasileiras SA (Eletrobras) a investidores.
De qualquer forma, Cruz disse que a corrida suada mostrou que nenhum dos candidatos conseguiu um mandato para a política extremista.
“Quem vencer não receberá um cheque em branco dos eleitores”, disse ele.
(Reportagem de Tatiana Bautzer, Andre Romani e Camila Moreira. Edição de Jerry Doyle, Brad Haines e Chizu Nomiyama)