Lula do Brasil convoca ministros enquanto o Congresso busca diluir poderes ambientais

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, convocou nesta quinta-feira seus ministros do meio ambiente e indígenas para negociações de emergência depois que um comitê do Congresso aprovou um projeto de lei que daria aos ministérios poderes de supervisão ambiental.

A medida, que requer aprovação e aprovação da Câmara dos Deputados, marca o primeiro grande embate de Lula com um Congresso neoconservador que teve grande participação de legisladores de direita nas eleições do ano passado.

“Neste momento, estamos ameaçados”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no governo Lula, culpando os aliados de Bolsonaro no Congresso por travar uma guerra contra ela e aqueles que buscam reformar as metas climáticas do Brasil. “A democracia está ameaçada, a política ambiental está ameaçada… É difícil administrar esta situação.”

Lula, um esquerdista, apostou sua reputação internacional na desaceleração do desmatamento que eclodiu sob seu antecessor, o ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, que defendeu o desenvolvimento da floresta amazônica para mineração e agricultura. Muitos dos aliados de Bolsonaro no Congresso estão determinados a bloquear os esforços de Lula para intensificar a proteção ambiental.

Os membros do comitê no Congresso aprovaram na quarta-feira uma proposta que enfraqueceu o Departamento de Meio Ambiente, ao privá-lo da supervisão do Cadastro Rural, entre outras responsabilidades. O projeto de lei também retirou a autoridade do Ministério dos Povos Indígenas para delimitar as terras indígenas. Os críticos dizem que ambas as medidas abrirão caminho para um maior desenvolvimento agrícola.

A tentativa de enfraquecer a supervisão dos ministérios ocorre depois que o grupo ambientalista Ibama disse na semana passada que bloquearia uma ordem da gigante petrolífera estatal Petrobras para perfurar na foz do rio Amazonas, perto do estado do Amapá. Ambientalistas e ativistas aplaudiram a decisão, mas ela causou algumas tensões, com o aliado de Lula dizendo que poderia ter um grande impacto econômico nas comunidades locais.

Os cientistas alertaram repetidamente que a indústria de combustíveis fósseis está exacerbando as mudanças climáticas catastróficas e ameaçando os ecossistemas e meios de subsistência globais.

(Reportagem de Maria Carolina Marcelo; Redação de Carolina Polis; Edição de David Aller Garcia e Aurora Ellis)

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