Frutas brasileiras têm efeito positivo na saúde intestinal e na prevenção de doenças crônicas

Em uma revisão recente publicada em alimentosUm grupo de autores avaliou o efeito de frutas indígenas brasileiras e seus subprodutos na microbiota intestinal humana e seu papel potencial no alívio de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) com base na literatura científica atual.

Estudo: Evidências dos efeitos benéficos das frutas indígenas brasileiras e seus subprodutos na microbiota intestinal humana e suas implicações nas doenças crônicas não transmissíveis – uma revisão.  Crédito da imagem: Elena Eryomenko/Shutterstock.comEstádio: Evidências dos efeitos benéficos das frutas indígenas brasileiras e seus subprodutos na microbiota intestinal humana e implicações para doenças crônicas não transmissíveis – uma revisão. Crédito da imagem: Elena Eryomenko/Shutterstock.com

fundo

Doenças não transmissíveis, como hipertensão, obesidade e diabetes, são as principais causas de morte em todo o mundo. O seu desenvolvimento está ligado a factores de estilo de vida, como a má nutrição, a inactividade e o consumo de tabaco, e a investigação enfatiza cada vez mais a relação entre as doenças não transmissíveis e os desequilíbrios na microbiota intestinal.

As dietas à base de plantas, ricas em antioxidantes e compostos anti-inflamatórios, são fundamentais para prevenir doenças não transmissíveis. Originárias de diversos biomas, as frutas indígenas brasileiras são ricas em compostos bioativos e seu processamento permite não apenas o consumo in natura, mas também produz subprodutos ricos em elementos valiosos como os fenólicos, proporcionando significativos benefícios à saúde.

Mais pesquisas são necessárias para elucidar os mecanismos precisos pelos quais as frutas indígenas brasileiras, seus subprodutos e seus compostos bioativos afetam a microbiota intestinal e, assim, influenciam o aparecimento e a progressão de doenças crônicas não transmissíveis.

O papel da microbiota intestinal nas doenças não transmissíveis

As doenças não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares, a obesidade, a diabetes e o cancro, resultam de factores genéticos, ambientais e comportamentais e são exacerbadas por dietas ricas em açúcar e gordura.

A obesidade leva à inflamação crónica e a ameaças cardiovasculares, a dislipidemia interfere no metabolismo das gorduras, aumentando o risco de doenças cardíacas, e a diabetes, caracterizada por hiperglicemia persistente, enfraquece as células endoteliais.

Todas estas condições partilham relações com o desequilíbrio da microbiota, que não só influencia o aparecimento de doenças não transmissíveis, mas também tem um impacto significativo na saúde intestinal e no bem-estar geral.

Desequilíbrios microbianos e efeitos na saúde

As diferenças na microbiota podem perturbar a homeostase intestinal, levando a doenças intestinais e sistémicas. Perfis distintos de microrganismos, incluindo os mais altos Firmicutes E Proteobactérias Abundante, observado na obesidade e diabetes.

Dieta, probióticos e saúde

A nutrição é essencial no tratamento de doenças não transmissíveis, e os probióticos e compostos alimentares bioativos podem modificar a microbiota intestinal para promover a saúde. Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs) de uma dieta saudável promovem vários processos fisiológicos e apoiam a saúde sistêmica.

Frutas originais brasileiras e seus benefícios para a saúde

Frutas nativas brasileiras, como o açaí (Euterpe olerácea mart.), acerola (Malpighia marginata capital), goiaba (Goiaba Psidium L.), jabuticaba (Mércia jabuticaba (Fil.) Berg), novo (Dipteryx alata regimento.), Buriti (Maurício Flexosa L.), Gokara (Euterpe Edulis mart.) e maracujá (Passiflora capsularis L.) é abundante em componentes bioativos.

Esses componentes podem influenciar a microbiota intestinal, proporcionando benefícios como atividades antiinflamatórias e antioxidantes, melhorando a sensibilidade à insulina e controlando a dislipidemia.

Esta fruta contém fibras dietéticas essenciais que ajudam a absorver gorduras e carboidratos, aumentam a motilidade intestinal e ajudam a reduzir a ingestão de alimentos. Essa fruta, rica em compostos fenólicos, possui propriedades antiinflamatórias, antimicrobianas e antioxidantes e pode estimular bactérias benéficas no intestino.

Ricas em nutrientes, as frutas indígenas brasileiras são eficazes na prevenção e no alívio dos sintomas de muitas doenças não transmissíveis.

Efeitos das frutas indígenas brasileiras na microbiota intestinal

Açaí

O açaí, nativo da região amazônica, contém antocianinas que afetam o processo de fermentação colônica. A sua fermentação provoca alterações em certas populações bacterianas e produz ácidos orgânicos.

Os compostos fenólicos encontrados no açaí possuem efeitos antioxidantes e protetores Ácido desoxirribonucléico nuclear (ADN). Além disso, o extrato de açaí, rico em antocianinas, tem se mostrado eficaz no tratamento de problemas relacionados à obesidade em ratos.

Ensaios clínicos em indivíduos com excesso de peso que consumiram açaí mostraram uma redução nos marcadores de estresse oxidativo.

Acerola

A acerola, fruta tropical cultivada no Brasil, afeta positivamente o crescimento de probióticos. A pesquisa mostra que o subproduto da Acerola promove o crescimento de certos probióticos e desencadeia o consumo de carboidratos.

Isso reduz o pH e aumenta a produção de vários ácidos orgânicos. Além disso, a fermentação do subproduto da acerola modifica a composição das bactérias intestinais, potencializando os metabólitos relacionados à saúde.

Pesquisas adicionais demonstram a capacidade da acerola de melhorar a saúde intestinal e o metabolismo da gordura em ratos com dislipidemia induzida por dieta.

Além disso, a fruta contém fibra alimentar e compostos fenólicos, incluindo miricetina, ácido salicílico, ácido 2,5-di-hidroxibenzóico, catequina e rutina, que são benéficos para o microbioma intestinal.

Goiaba

A goiaba, fruta tropical nativa da América, é um produto importante no Brasil. Os subprodutos da goiaba podem promover o crescimento de probióticos e produzir metabólitos benéficos à saúde.

Além disso, foi demonstrado que os suplementos de goiaba melhoram a saúde do cólon, reduzem a absorção de gordura e apoiam as atividades metabólicas em ratos.

O extrato de folha de goiaba mostrou propriedades antidiabéticas em um estudo realizado em ratos. As qualidades terapêuticas da goiaba, incluindo polissacarídeos e outros compostos, têm sido exploradas para diversas condições de saúde, como diabetes, obesidade e diarreia, confirmando a sua capacidade de modular a microbiota intestinal e conferir benefícios à saúde.

Jabuticaba

Durante o processamento da jabuticaba, fruta brasileira, é produzido um subproduto que quando fermentado afeta positivamente o microbioma intestinal, promovendo cepas benéficas como Lactobacilos E Bifidobactérias. O subproduto também modifica compostos fenólicos devido a fatores como pH e enzimas.

Adicionar casca e sementes de jabuticaba a uma dieta rica em gordura de ratos resultou em benefícios à saúde, como melhora do peso e controle da glicose. O extrato da casca ajudou ratos com colite, promovendo um microbioma intestinal saudável.

Além disso, quando adicionado ao iogurte, o extrato de semente de jabuticaba reduz a inflamação e ajuda a saúde intestinal em ratos com câncer de cólon, demonstrando suas propriedades anticancerígenas e antioxidantes.

novo

Barro, do bioma Cerrado, possui subprodutos como polpa e casca. Em estudos, a polpa de carrinho de mão mostrou potenciais efeitos prebióticos, atuando como fonte viável de carbono para algumas cepas probióticas, modulando o pH e produzindo ácidos orgânicos.

A fermentação in vitro mostrou que a polpa do carrinho de mão aumenta a abundância de bactérias intestinais benéficas. O alto teor de fibras da polpa, juntamente com seus compostos fenólicos, podem ser responsáveis ​​por estes efeitos.

Além disso, o óleo de noz-barra apresenta benefícios à saúde, como a redução da formação de coágulos em ratos e o aumento da atividade antioxidante em mulheres obesas.

Burete

O buriti é uma fruta popular nas regiões brasileiras. O seu óleo, especialmente quando combinado com leite fermentado e certas cepas bacterianas, tem sido estudado pelo seu efeito na microbiota intestinal de jovens.

O leite apresentou aumento no número de células de algumas bactérias benéficas e alterou a composição microbiana de forma que sugere potenciais benefícios à saúde. A polpa contém fibra alimentar e diversos compostos fenólicos, que podem ser responsáveis ​​por esses efeitos.

Além disso, o óleo de caroço de Buriti possui propriedades que atenuam os danos oxidativos, conforme observado em estudo realizado em ratos Wistar.

Gokara

A jocara, nativa da Mata Atlântica do Brasil, sofre fermentação, o que aumenta a abundância relativa de certas bactérias benéficas. Os compostos fenólicos da polpa podem influenciar esse equilíbrio microbiano, e a exposição à digestão intestinal simulada altera o conteúdo desses compostos.

A pesquisa sobre o guacara relacionou seu consumo a benefícios à saúde, como redução do ganho de peso e melhora da tolerância à glicose. Num estudo com adultos obesos, a ingestão de polpa de juçara foi associada a um aumento significativo na abundância relativa de bactérias benéficas e ácidos graxos de cadeia curta nas fezes.

Maracujá

Quando adicionada ao leite fermentado, a polpa do maracujá aumenta a contagem de células bacterianas e aumenta os níveis de ácido acético e butírico. Da mesma forma, o leite de cabra fermentado com subprodutos do maracujá apresentou aumento de algumas bactérias benéficas e correlação positiva com o ácido butírico.

A fibra dietética solúvel em frutas, quando testada em ratos com colite, reduziu a perda de peso, restaurou compostos benéficos, reduziu a inflamação e promoveu a saúde intestinal.

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