Por Tatiana Bautzer e Raffaella Barros
São Paulo/Rio de Janeiro (Reuters) – A Yara International Asa está perto de adquirir a unidade de fertilizantes à venda da estatal Petróleo Brasileiro, mais conhecida como Petrobras, disseram duas fontes familiarizadas com o assunto nesta sexta-feira.
Uma das fontes disse que a Petrobras escolheu a oferta da Yara e o negócio agora precisava da aprovação do conselho de administração da empresa. Um anúncio é esperado nas próximas semanas.
A Yara se recusou a comentar “rumores de mercado”. A Petrobras se recusou a comentar a escolha da proposta da Yara, citando sua última apresentação no final de agosto, na qual disse que as empresas poderiam apresentar propostas vinculantes.
Em comunicado divulgado ainda na sexta-feira, a Petrobras negou que a venda fosse iminente, acrescentando que o processo estava na fase obrigatória, “tendo chegado à fase de recebimento de ofertas”.
A Yara já possui cinco fábricas no Brasil e 24 instalações de mistura. Também possui operações de mineração e portos.
A unidade de fertilizantes da Petrobras, conhecida como UFN-III, está localizada no estado de Mato Grosso do Sul, um dos maiores produtores de grãos do Brasil.
As fontes não especificaram o valor do negócio, mas disseram que seria inferior a US$ 100 milhões porque a unidade ainda não entrou em operação.
A Petrobras vem tentando vender a unidade há algum tempo. A empresa concordou em fevereiro em vendê-la para o Akron Group, da Rússia, mas o negócio fracassou. Em maio, a petroleira relançou a operação com assessoria da unidade de banco de investimento do Banco Bradesco SA.
Outras empresas interessadas no negócio incluem o grupo brasileiro Unigel e a siderúrgica CSN. O anúncio do acordo final foi adiado devido a mudanças recentes no conselho de administração da Petrobras.
O Brasil é altamente dependente da importação de fertilizantes. A construção da unidade de fertilizantes em Três Lagoas começou em 2011 e parou em 2014 com 81% concluída após a Petrobras cancelar um contrato por suposta descumprimento corporativo.
Quando comissionada, a unidade deverá produzir 2.200 toneladas de amônia e 3.600 toneladas de uréia por dia, o que representa cerca de 20% do consumo de uréia do país. A expectativa é de que a unidade seja concluída em dois a três anos.
A expectativa é que a Petrobras ofereça ao comprador a opção de compra da unidade por meio de um contrato de fornecimento. A empresa estatal costumava ter um negócio maior de fertilizantes, mas começou a desinvestir em 2018. O interesse em empresas de fertilizantes aumentou depois que a guerra na Ucrânia interrompeu a oferta e aumentou os preços dos fertilizantes.