Etanol 2G supera brechas técnicas e rivaliza com petróleo a US$ 70

SÃO PAULO (Reuters) – Representantes da indústria do etanol disseram nesta quinta-feira que a produção de etanol de segunda geração está superando dificuldades técnicas que retardaram seu desenvolvimento e agora é vista como comercialmente competitiva com os preços do petróleo se aproximando de US$ 70 o barril.

À medida que países ao redor do mundo se preparam para cumprir seus compromissos com o acordo climático de Paris, o aumento das regulamentações globais que favorecem os biocombustíveis avançados e os programas que colocam um preço nos combustíveis à base de carbono estão criando um ambiente mais positivo, disseram executivos de biocombustíveis no Fórum Brasil. Simpósio 2018” em São Paulo.

Após anos de investimentos e falhas técnicas, os biocombustíveis de segunda geração, ou biocombustíveis celulósicos, são vistos como o futuro dos combustíveis verdes, pois podem ser produzidos a partir da biomassa, superando as críticas sobre o uso de culturas alimentares para produção de combustível e reduzindo drasticamente as emissões de carbono de veículos.

“Tivemos aquele momento de empolgação alguns anos atrás, e depois os jogadores diminuíram quando deixaram a arena por causa das enormes dificuldades em administrar as usinas de maneira estável”, disse Victor Ochoa, chefe de biorrefino para a América Latina da empresa de biotecnologia Novozymes .

“Mas isso agora é passado, estamos mais uma vez no momento de ‘ascensão’.” A Rizen Factory é um exemplo disso.

A brasileira Raízen, joint venture entre a Royal Dutch Shell Plc e a Cosan SA Indústria e Comércio, produz cerca de 40 milhões de litros de etanol celulósico anualmente em sua fábrica de Piracicaba, no estado de São Paulo.

“Resolvemos os problemas operacionais e a produção está atualmente estável e estamos alcançando os números que planejamos”, disse Rafaela Gomez, chefe do braço de inovação da Risen, à Reuters nos bastidores do simpósio.

A Raízen disse anteriormente que vende todo o seu etanol 2G a um preço mais alto do que o etanol de cana-de-açúcar comum, devido às suas credenciais ambientais.

O etanol celulósico no Brasil é feito principalmente de resíduos de cana-de-açúcar da produção de açúcar e etanol. A Novozymes fornecia à Raízen as enzimas usadas no processo de fermentação, outro desafio técnico, pois a biomassa precisava de um novo tipo de fermentação para produzir etanol.

Mauricio Addade, responsável para a América Latina da DSM, empresa que fornece produtos para a fermentação da celulose, disse que em outros países — inclusive nos Estados Unidos, onde o etanol 2G é feito a partir do resíduo do milho — a produção está muito próxima de ser financeiramente viável.

“Com o petróleo, que está em torno de US$ 70, podemos competir”, afirmou.

Adade espera uma forte demanda de países asiáticos como China e Índia, que buscam reduzir significativamente as emissões de carbono do setor de transporte.

(Reportagem: Marcelo Teixeira; Edição de J. Cross

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