Eleições brasileiras: por que Lula enfrenta um terceiro mandato mais difícil – Institutional Investors

O segundo turno da eleição presidencial do Brasil no domingo viu o ex-líder Luiz Inácio Lula da Silva retornar ao cargo pela terceira vez. Lula, como é conhecido localmente e que foi presidente entre 2003 e 2010, derrotou Jair Bolsonaro pela margem mais estreita com 50,9% dos votos válidos.

Como foi o desempenho da economia na era anterior de Lula?

Os dois primeiros mandatos de Lula, entre 2003 e 2010, foram marcados por um período de forte desempenho econômico. O crescimento médio do PIB foi de 4,1% ao ano, enquanto a combinação de crescimento relativamente rápido e transferências sociais reduziu a pobreza. Tudo isso foi alcançado também com superávits fiscais, com o índice da dívida total do governo caindo de 80% do PIB em 2003 para 63% do PIB quando Lula deixou o cargo no final de 2010.

O Brasil poderia se sair mal repetindo esse desempenho quando Lula assumiu o cargo em 1º de janeiro. Afinal, o crescimento do PIB foi em média inferior a 0,5% ao ano na última década, e o índice da dívida total do governo atingiu mais de 90% do PIB.

Políticas de Lula

A campanha de Lula foi, até certo ponto, uma imagem espelhada de Bolsonaro, revivendo muitas das políticas que marcaram seu primeiro mandato. Em particular, promete impulsionar o crescimento por meio do aumento dos gastos do governo em infraestrutura e programas sociais.

Também houve um foco maior em metas ambientais para proteger regiões como a Amazônia e impulsionar a mudança para energia renovável. Em seu primeiro discurso como presidente eleito, Lula disse que “o Brasil está pronto para retomar seu protagonismo no combate à crise climática, protegendo todos os nossos biomas, especialmente a floresta amazônica”, com o objetivo de eliminar completamente o desmatamento. Lula também propôs a criação de um órgão nacional de mudanças climáticas para garantir que as políticas do país estejam alinhadas com os objetivos do Acordo de Paris.

Papel de parede mais difícil do que da última vez

No entanto, Lula enfrentará um cenário mais difícil desta vez.

Para começar, embora a economia brasileira tenha se beneficiado de um aumento constante nos preços das commodities que levou a uma melhora constante nos termos de troca durante o primeiro mandato de Lula, as perspectivas agora são menos otimistas. Os preços das commodities estão sob pressão à medida que a economia global entra em recessão, enquanto grandes aumentos nas taxas de juros que levaram a taxa básica de juros a atingir uma alta de seis anos de 13,75% pesarão cada vez mais sobre a atividade doméstica nos próximos meses.

Além disso, as conclusões do Congresso significam que Lula terá mais dificuldades para implementar políticas. Apesar de formar uma chapa aparentemente mais centrista com seu ex-rival, Geraldo Alcumen, Lula não terá maioria de trabalho em nenhuma das câmaras do Congresso (Câmara e Senado), o que significa que concessões terão que ser feitas para aprovar a legislação.

Os investidores serão particularmente sensíveis a mudanças na política fiscal. Lula expressou seu desejo de reformar o teto de gastos públicos, que permite que os gastos do governo aumentem apenas na taxa de inflação do ano passado. Sinais de generosidade financeira serão mal recebidos pelos mercados. No entanto, evidências de políticas pragmáticas podem ajudar os ativos brasileiros a fornecer avaliações relativamente baratas.

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