Clarissa Campolina e Luana Melgasso por “Uma Canção Distante”, Cinema Brasileiro

Há uma década, Clarissa Campolina estourou no cenário cinematográfico ao co-dirigir e co-dirigir Swirl (Girimunho) com Helvisio Marins Jr., um filme que retrata um idoso curandeiro nas áridas terras altas do Brasil e as crenças, mitos e costumes de Brasil rural antes disso. Eles foram varridos pela passagem de uma geração.

As produtoras Luana Milgaco e Campolina e sua colega diretora Marilia Rocha a contrataram para produzir “Swirl”, e a Anavilhana, com sede em Belo Horizonte, tornou-se desde então uma das produtoras regionais mais proeminentes do Brasil. Passou sete anos desenvolvendo o terceiro longa-metragem e primeiro filme solo de Campolina, “Canção ao Longe”.

O filme oferece uma visão diferente de “Swirl”, uma narrativa muito mais estruturada, como deveriam ser as histórias de amadurecimento, mais alinhada com a ficção de estreia de Rocha, “Where I Grow Old”, participante do festival de Rotterdam em 2016.

Escrito por Campolina e Caetano Gottardo, que co-dirigiu o jogador da competição de Berlim 2020, All the Dead Ones, Faraway Song gira em torno da batalha de uma jovem arquiteta para escapar de sua vida sufocante em uma família ultraconservadora no estado de Minas Gerais, e se vê em um material. Emocionalmente, seu lugar especial no mundo.

diverso Falei com Campolina e Melgaço após a estreia de “Faraway Song” esta semana no Copia Finale em Ventana Sur, que provou ser uma rica vitrine para os próximos filmes latino-americanos.

Durante a conversa, após a desaceleração radical de Jair Bolsonaro no financiamento estatal do cinema, Melgasso antecipa o que parece provável que se torne um grito de guerra no período que antecede as eleições gerais no Brasil, em 2 de outubro de 2022: o cinema independente depende de políticas públicas.

Comparado com “Swirl”, “Faraway Song” parece um filme mais estruturado. Isso foi uma escolha pessoal, Clarissa, ou de alguma forma refletiu o rumo que Annafilhanna queria tomar? Ou é também uma questão de necessidade industrial?

Campolina: Quando imaginamos um filme, imaginamos simultaneamente o design de produção. Para contar a história, as perguntas e os sentimentos de Ximena, precisávamos de uma estrutura de produção maior para a mise-en-scène – atuação, movimento de câmera, design de iluminação, cenário, atmosfera sonora, etc. Ao mesmo tempo, posso imaginar o enredo e o design de produção de Faraway Song, dada a nossa história e experiência. Mas esta escolha não é um caminho final: Anavilhana tem muitas produções, com orçamentos e designs diferentes. Cada filme é único, com necessidades próprias. e necessidades.

Infelizmente, o Brasil é conhecido pela lentidão no financiamento estatal de filmes desde 2019. Como foi financiado o Faraway Song, Luana?

Melgaço: Com uma combinação de recursos nacionais, do Fundo Setorial do Audiovisual, e recursos locais do estado de Minas Gerais, onde estamos sediados. É um filme que começámos a financiar em 2014, quando obtivemos o nosso primeiro financiamento de desenvolvimento e demoramos quase quatro anos a angariar o orçamento total. Para a produção, contamos com um dos últimos lançamentos do Fundo Nacional dedicado a filmes com pesquisas e inovações linguísticas, voltados para o mercado internacional. Desde então, muitas mudanças ocorreram no Brasil e o filme sobreviveu…. Parece-nos um milagre termos conseguido terminar esta tarefa em tempos tão difíceis. Os filmes independentes brasileiros a serem lançados em 2021/22 são resultado de uma política que foi desmantelada em 2018 e esperamos uma lacuna de obras artisticamente significativas nos próximos anos.

Em seu primeiro filme solo, Clarissa, você ainda colabora com outros diretores como Caetano Gottardo e Luis Peretti, que co-escreveram as cartas que seu pai enviou para Jimena. Você pode comentar?

Campolina: Tenho muito interesse em trabalhar de forma colaborativa com pessoas que admiro e com pessoas que mudam minha visão. No Brasil existem muitos grupos/grupos de artistas, e acho que isso leva a filmes onde essa colaboração é mais evidente. Em 2002, fundei a Tia com outros cinco diretores, e essa experiência coletiva define minha forma de trabalhar.

Eva Mursch-Kane, cocuradora de Copia Final, observa que muitas das produções de Primer Corte e Copia Final são sobre “personagens explorando de forma íntima, em busca de identidade, tentando encontrar legitimidade ou seu próprio caminho na vida ou no viver”. .” Volte a ser como era.” Você acha que seu filme reflete um tipo mais amplo de zeitgeist?

Campolina: Faraway Song demorou cerca de sete anos para ser feito e, durante todo esse tempo, a matéria-prima para fazer o filme foi o mundo e a observação das pessoas ao meu redor. Nesse sentido, penso que o filme é um diálogo com o Brasil contemporâneo e com as questões e sentimentos do nosso tempo.

A Anavilhana é uma empresa lendária quase desde o seu nascimento como parte do colectivo Teia. Embora o financiamento público de filmes continue difícil de conseguir no Brasil, onde você vê o futuro da empresa?

Melgaso: Trabalhamos juntos há mais de 20 anos e, durante esse tempo, nossa produção tem sido bastante diversificada. Acredito que isto nos dá a capacidade de criar, adaptar e pensar de formas alternativas. Felizmente, nos últimos anos conseguimos financiar projetos que mantêm Annavilhana viva e produtiva. Mas o cinema independente brasileiro, que hoje vive sufocado entre o descaso governamental e as pressões do mercado de streaming, não terá futuro a menos que, nas próximas eleições, mudemos o governo atualmente no poder. Não existe cinema independente sem políticas públicas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *