Carga projetada de doenças não transmissíveis atribuíveis ao excesso de peso no Brasil de 2021 a 2030

Neste estudo, objetivamos estimar os possíveis efeitos de diferentes cenários de mudanças na prevalência de excesso de peso em doenças não transmissíveis na população adulta brasileira de 2021 a 2030. Considerando as tendências futuras na prevalência de excesso de peso no Brasil, se continuar aumentar na mesma taxa na última década, cerca de 5,26 milhões de novos casos e 880,6 mil mortes por doenças não transmissíveis atribuíveis ao excesso de peso poderiam ocorrer de 2020 a 2030. Em diferentes cenários de declínio anual da proporção de ganho de excesso de peso, a carga da doença é reduzida ainda permanece significativo. Por exemplo, se a taxa de aumento do excesso de peso fosse reduzida pela metade até 2030, os casos atribuíveis e as mortes por doenças não transmissíveis diminuiriam, respectivamente, em 29,6 mil novos casos de doenças não transmissíveis e 1,9 mil mortes. Ao contrário, se mantida a atual prevalência de excesso de peso, conforme estipulado no Plano Nacional de Doenças Não Transmissíveis, os casos de DCNT seriam reduzidos em 92,9 mil e as mortes relacionadas em 12,1 mil no mesmo período. Se a meta altamente otimista de reduzir a prevalência de excesso de peso em 6,7% até 2030 for alcançada, a incidência de doenças não transmissíveis e as mortes atribuíveis serão reduzidas em 182,2 mil e 33,9 mil, respectivamente. Digno de nota, uma vez que combinamos um intervalo médio de 10 anos entre as mudanças no IMC e os efeitos nos resultados do câncer, os maiores efeitos de cenários irrealistas seriam sentidos nas projeções mais longas, especialmente devido ao efeito dos cânceres atribuíveis, começando em 2030. em nosso modelo.

Nas últimas décadas, as políticas voltadas para o enfrentamento do sobrepeso e da obesidade no Brasil têm se concentrado na segurança alimentar e nutricional intersetorial, incluindo a promoção e oferta de alimentação saudável nas escolas, políticas de aquisição de alimentos, estruturação da nutrição na atenção primária à saúde e promoção de atividade física comunitária.34. No entanto, políticas fiscais e regulatórias que desestimulam o consumo de alimentos ultraprocessados ​​e promovem dietas saudáveis ​​não avançaram significativamente, apesar de sua relação custo-benefício.11,35. Recentemente, a fragilidade da rede nacional de políticas e programas de segurança alimentar e nutricional tem comprometido grande parte das políticas nacionais intersetoriais36. No entanto, mudanças na rotulagem de alimentos, como declaração obrigatória de açúcares totais e adicionados e implementação de uma interface de advertência para um sistema de rotulagem de embalagens para excesso de açúcares, gorduras e sódio em alimentos37, 38 Pode melhorar a informação dos consumidores e contribuir para a prevenção do excesso de peso, obesidade e outras doenças não transmissíveis relacionadas com a alimentação.

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Dentro do sistema nacional de saúde, um foco na atenção primária aumentou a prevenção da obesidade e o acesso a serviços de prevenção e apoio federal direcionado para as áreas de maior prevalência de obesidade, juntamente com novos protocolos para o cuidado de crianças, adolescentes e adultos com excesso de peso.39. Além disso, as diretrizes dietéticas nacionais baseadas em alimentos fornecem recomendações importantes para populações e profissionais de saúde sobre dietas saudáveis ​​e podem motivar políticas que incentivem dietas mais saudáveis ​​e sustentáveis.40,41. Por fim, a recente Estratégia Nacional de Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil visa promover a prevenção da obesidade infantil por meio do fortalecimento da atenção à saúde e implementação de políticas intersetoriais em nível local.42.

Apesar desses esforços, é provável que o aumento do sobrepeso e da obesidade no Brasil continue e, se não for reduzido, projeta-se que até 80% da população adulta viverá com sobrepeso até 2060, representando US$ 316,6 bilhões em os custos indiretos são satisfatórios43. Isso significa que a redução do sobrepeso e da obesidade deve atingir adultos, crianças e adolescentes para alterar as tendências futuras.

Os pontos fortes deste estudo incluem o uso de tendências atualizadas específicas do país para IMC e prevalência de sobrepeso, juntamente com conjuntos de dados abrangentes sobre normas demográficas para o Brasil. Além disso, o MSLT adaptado permite estimar a carga futura de múltiplas doenças associadas a um ou mais fatores de risco e, ao considerar mudanças nos fatores de risco, o modelo pode estimar possíveis reduções na incidência de doenças, letalidade e morbidade, permitindo avaliação de intervenções.Política.

Nosso estudo tem várias limitações. Primeiro, incluímos em nosso modelo as doenças com maior peso nas taxas de mortalidade no Brasil, mas não todas as doenças e condições relacionadas à obesidade. Em segundo lugar, assumimos a transferibilidade das estimativas de RR da meta-análise da carga global da doença para o Brasil, mas essas estimativas de RR foram baseadas em estudos de coorte conduzidos em outros países. A possibilidade de confusão residual não pode ser descartada nessas estimativas de RR. No entanto, as taxas globais de prevalência da doença e os parâmetros epidemiológicos são considerados as melhores fontes de informação, dada a falta de registros nacionais específicos de grandes estudos prospectivos de coorte no Brasil e estimativas específicas de cada país de prevalência, incidência, remissão e casos de doenças. -fatalidade. Portanto, incorporamos essas incertezas ao modelo por meio de simulações de Monte Carlo. Em terceiro lugar, a altura e o peso autorreferidos foram obtidos de uma amostra representativa de adultos com telefones (incluindo dispositivos móveis mais recentes), o que pode influenciar as estimativas. No entanto, ajustes com base nos dados do censo foram aplicados aos resultados finais da pesquisa para mitigar o viés de seleção. Além disso, as estimativas do modelo são baseadas na suposição de que doenças e fatores de risco são independentes e não levam em conta possíveis interações entre fatores de risco e desfechos.

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Finalmente, o modelo pode ser melhorado no futuro. Em primeiro lugar, procuramos incluir novos fatores de risco para doenças não transmissíveis, ampliar o intervalo temporal de previsões e incorporar outras faixas etárias (por exemplo, crianças e adolescentes). Em segundo lugar, a disponibilidade de parâmetros epidemiológicos confiáveis ​​e atualizados específicos para o Brasil para substituir as estimativas da carga global de doenças também aumentaria a robustez do modelo. Em terceiro lugar, estamos procurando converter o modelo em uma plataforma de código aberto, como R ou Python.

Em conclusão, nosso estudo de modelagem sugere que 5,26 milhões de novos casos e 808,6 mil mortes por doenças não transmissíveis podem ocorrer até 2030 se as taxas de IMC continuarem a aumentar como nas décadas anteriores. Outros cenários para limitar o aumento do IMC até 2030 sugerem que intervenções políticas ousadas podem ser necessárias para obter uma prevenção significativa de DCNT. Essas descobertas são um passo inicial importante para entender a carga futura do excesso de peso no país. Os atuais objetivos da política nacional podem ter pouco efeito sobre o peso do excesso de peso, portanto políticas multicomponentes ousadas envolvendo ambientes alimentares (propaganda de alimentos, rotulagem de alimentos, tributação de alimentos não saudáveis, regulamentação de alimentos em escolas e locais de trabalho, subsídios para alimentos frescos e alimentos minimamente processados ​​localmente ) e a educação nutricional são essenciais para a prevenção do sobrepeso, obesidade e doenças não transmissíveis no Brasil.

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