Brasil expulsa garimpeiros do território Yanomami e se prepara para mais remoções

BRASÍLIA (Reuters) – O Brasil removeu quase todos os garimpeiros ilegais do território Yanomami, sua maior reserva local, e removerá garimpeiros de mais seis reservas este ano, disse o novo chefe da divisão de crimes ambientais da Polícia Federal nesta terça-feira.

A polícia está criando novas bases na Amazônia e buscando cooperação internacional na aplicação da lei na região, incluindo o desenvolvimento de tecnologia de radioisótopos para provar a origem ilegal do ouro apreendido, disse Humberto Freire à Reuters.

Freire é o diretor da recém-criada Divisão de Meio Ambiente e Amazônia da Polícia Federal, marcando o que ele chama de uma nova era no combate ao crime ambiental e na defesa dos povos indígenas da floresta.

Para piorar a situação nos primeiros meses do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro o governo declarou uma crise humanitária no território Yanomami. Milhares de garimpeiros invadiram o território, ameaçando comunidades com armas de fogo, espalhando malária, poluindo rios e afugentando animais silvestres, causando desnutrição e centenas de mortes.

“Ainda temos alguns bolsões de garimpeiros escondidos em algumas áreas, então estamos vasculhando a área Yanomami com um bom pente”, disse Freire em entrevista.

Ele disse que a fiscalização apoiada por imagens de satélite e fotografias aéreas destruiu 250 acampamentos de mineiros – muitos já abandonados – e 70 jangadas de dragagem, junto com lanchas e aeronaves. Acrescentou que a polícia apreendeu cerca de 4.500 litros de combustível e 1,2 quilos de ouro.

A polícia encontrou e libertou pelo menos 805 mineiros e 94 barcos fluviais, mas a maioria fugiu antes da evacuação.

Área de garimpo no território indígena Yanomami, estado de Roraima, Brasil, 2 de fevereiro de 2023. REUTERS/Amanda Berubelli

A polícia não se concentrou em prender mineiros, Freire disse, em vez disso, confiscou ou bloqueou 68 milhões de riais (US$ 13 milhões) em recursos pertencentes aos acusados ​​de financiar garimpeiros ilegais, enquanto desmantelava uma quadrilha de prostituição que transportava meninas menores de idade para campos de mineração.

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Junior Hekorari, chefe do Conselho de Saúde Indígena local, estimou que 85% dos garimpeiros deixaram ou foram forçados a sair de uma reserva do tamanho de Portugal, que se estende ao longo da fronteira norte do Brasil com a Venezuela.

Dois meses depois que o governo declarou estado de emergência, Hikurari disse à Reuters que a resposta do governo ainda carecia de pessoal e helicópteros para lidar com a escala da emergência de saúde entre os Yanomami.

O governo brasileiro também está considerando novas leis para reprimir a mineração ilegal de ouro, que responde por quase metade do ouro brasileiro que o país exporta para países como Suíça e Grã-Bretanha. Uma proposta destinada a reprimir o ouro lavado exigia recibos eletrônicos de impostos para a compra e venda do metal precioso.

Freire disse que a polícia também adotou uma técnica que usa isótopos radioativos para localizar o ouro extraído, mesmo depois de fundido em lingotes. Sua equipe espera identificar as principais regiões produtoras de ouro do Brasil até o final deste ano.

Freire disse que o Brasil também é uma base policial internacional para a região amazônica com os países vizinhos.

Eles também planejam abrir uma delegacia flutuante na quinta-feira em Atalaia do Norte, no rio onde o jornalista britânico Dom Phillips e o especialista indígena brasileiro Bruno Pereira foram mortos no ano passado por caçadores furtivos.

(US$ 1 = 5,2434 riais)

(Cobertura) Por Ricardo Brito e Anthony Boadl Reportagem adicional de Flavia Mariero em São Paulo Edição de Brad Haynes e Aurora Ellis

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