BRASÍLIA (Reuters) – O Ministério da Saúde do Brasil declarou emergência médica na província de Yanomami, a maior reserva indígena do país na fronteira com a Venezuela, após relatos de crianças morrendo de desnutrição e outras doenças causadas pela mineração ilegal de ouro.
Um decreto publicado pelo novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira disse que o objetivo da declaração é restaurar os serviços de saúde para o povo Yanomami que foi desmantelado por seu antecessor de extrema-direita Jair Bolsonaro.
A plataforma Sumauma Press, da Amazon, relata que durante os quatro anos da presidência de Bolsonaro, 570 crianças Yanomami morreram de doenças tratáveis, principalmente desnutrição, além de malária, diarreia e deformidades causadas por mercúrio usado por garimpeiros selvagens, citando dados obtidos pela Lei da Liberdade. a informação.
Lula visitou o posto de saúde Yanomami em Boa Vista, Roraima, no sábado, depois de postar fotos mostrando crianças e idosos com costelas finas.
“Mais do que uma crise humanitária, o que vi em Roraima foi um genocídio: um crime premeditado contra os Yanomami, cometido por um governo insensível ao sofrimento”, disse Lula no Twitter.
O governo anunciou que pacotes de alimentos serão levados para a reserva, onde cerca de 26.000 Yanomami vivem em uma área de floresta tropical e savana do tamanho de Portugal.
A reserva é invadida por garimpeiros ilegais há décadas, mas as incursões se multiplicaram desde que Bolsonaro assumiu o cargo em 2018 prometendo permitir a mineração em terras anteriormente protegidas e se oferecendo para legalizar a mineração indiscriminada.
Há também indícios de envolvimento do crime organizado. Na violência recente, homens em lanchas em rios dispararam armas automáticas contra aldeias aborígenes cujas comunidades se opõem à entrada de garimpeiros.
Alguns garimpeiros começaram a sair, temendo a imposição do governo Lula, e parecem estar cruzando a fronteira para os vizinhos Guiana e Suriname, disse Estevão Cinera, pesquisador do Instituto Socioambiental, uma ONG de direitos indígenas.
Lula disse que o novo governo poria fim à mineração ilegal de ouro, ao mesmo tempo em que reprimiria o desmatamento ilegal na Amazônia, que atingiu o maior nível em 15 anos sob o governo de Bolsonaro.
“Devemos responsabilizar o governo anterior por permitir que essa situação ficasse tão ruim que encontramos adultos pesando como bebês e crianças reduzidas a pele e ossos”, disse Sonia Guajara, a primeira mulher indígena a ocupar o cargo de ministra. Um novo Ministério dos Assuntos Indígenas.
(Reportagem de Anthony Bodel) Edição de Chizu Nomiyama
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