aMuito atrás dos filmes que encerram a autobiografia de Terry Gilliam – Bandidos e As Aventuras do Barão Munchausen – o Brasil forma uma trilogia solta que preocupa os sonhadores. Mais do que nos outros dois filmes, os sonhos de Sam Lorre (Jonathan Pryce) são muito literais (voando alto com asas no céu, mas arrastados pelo trabalho, pela mãe, etc.) e são essenciais para sua sobrevivência e sanidade. Gilliam teve dificuldade em conseguir isso no cinema: o filme foi retrabalhado para ter um final feliz mais convencional do que o final sombrio e ambíguo que a história originalmente pretendia – e exigia – o que levou Gilliam a publicar um anúncio de página inteira na Variety com uma carta abrir. Para o chefe do estúdio Sid Sheinberg.
É a história do homenzinho que enfrenta uma burocracia enorme e sem rosto, num futuro ao estilo de 1984, impregnado de regras e regulamentos sufocantes. Mas as regras não funcionam e a tecnologia é vulnerável à quebra – causando explosões atribuídas a “terroristas”, um rótulo também aplicado àqueles que violam ou violam as regras, como o canalizador freelancer interpretado por Robert De Niro. Lindamente encenado, ambientado em muitos dos edifícios em ruínas que moldaram a paisagem industrial da Grã-Bretanha, Brasil é Monty Python e George Orwell, tão inteligente, espirituoso e subversivo quanto parece.
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