Brasil demite CEO da Petrobras e nomeia ex-funcionário regulador para cargo máximo Por Reuters

Escrito por Rodrigo Vega Gaer e Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A estatal brasileira de petróleo Petrobras disse nesta terça-feira que o CEO da Petrobras se ofereceu para renunciar, já que o governo nomeou um ex-funcionário regulador para o cargo, fazendo com que as ações caíssem enquanto os investidores se preparavam para uma intervenção política.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, substituirá o CEO cessante, Jean-Paul Prats, juntamente com Magda Chamberillard, ex-chefe do regulador brasileiro de petróleo e gás, ANP, de acordo com um documento de valores mobiliários citando o Ministério de Minas e Energia.

As ações da Petrobras, listadas na Bolsa de Valores de Nova York, caíram mais de 6% no pregão após o expediente, à medida que surgiam notícias de que Prats estava caminhando para uma saída.

A destituição de Pratz representa uma vitória para os membros do governo Lula que exigem preços mais baixos dos combustíveis, dividendos mais baixos e maiores gastos de capital para criar empregos e impulsionar a economia.

“Em nossa opinião, a saída de Prats representa uma deterioração na gestão da Petrobras e riscos negativos para a tese de investimento”, disseram Gabriel Parra e Andres Cardona, analistas do Citi, em nota aos clientes. “O novo CEO chega com pressão para executar o plano de investimento e acelerar a expansão das despesas de capital, o que poderia impactar negativamente o pagamento de dividendos da empresa.”

O conselho de administração da Petrobras se reunirá na quarta-feira para discutir a proposta de saída de Prats, informou a assessoria de imprensa da empresa.

Desde que assumiu o cargo de CEO em janeiro de 2023, Prats entrou em confronto repetido com o ministro da Energia, Alexandre Silveira, que criticou publicamente a empresa por não fazer o suficiente para baixar os preços nas estações de bombeamento ou impulsionar a economia brasileira com investimentos.

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As críticas de Silveira muitas vezes refletiam as preocupações do próprio Lula em relação à Petrobras, que ele disse que deveria fazer mais para ajudar o país.

A disputa entre Silveira e Pratis chegou ao auge em março, quando o conselho de administração da empresa – em grande parte nomeado por Silveira – desafiou Pratis e reteve dividendos adicionais que os investidores esperavam, atingindo duramente as ações da Petrobras.

Chamberillard, que iniciou sua carreira de quatro décadas no setor de energia como engenheira na Petrobras em 1980, chefiou a agência reguladora de petróleo ANP de 2012 a 2016, sob um governo anterior liderado pelo esquerdista Partido dos Trabalhadores de Lula.

Ela foi considerada uma das principais candidatas ao cargo de CEO da Petrobras depois que Lula venceu as eleições de 2022 e, em dezembro daquele ano, deu uma entrevista à Reuters ecoando muitas de suas opiniões sobre a empresa.

Na época, criticou a política de reajustes semanais nos preços dos combustíveis que acompanha os mercados globais, que a Petrobras já aboliu. Também apelou a um maior desenvolvimento e criticou a distribuição de grandes dividendos aos accionistas, dizendo que os lucros deveriam ser reinvestidos na exploração e produção de energia.

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