A negligência climática está destruindo cidades inteiras no Brasil

Maio foi um mês de tristeza e pavor no Brasil. Chuvas torrenciais causaram chuvas torrenciais em dois terços do estado do Rio Grande do Sul província Maior que isso Reino UnidoEmbaixo da agua.

Até o momento, 161 pessoas morreram e outras 81 estão desaparecidas devido a inundações causadas por inundações sem precedentes de rios e lagos neste estado localizado no sul do Brasil, que faz fronteira com Argentina e Uruguai. Quase 600 mil pessoas perderam as suas casas e mais de 80 mil pessoas foram resgatadas de telhados, em barcos ou em helicópteros das forças de segurança.

Além disso, mais de 12 mil animais de estimação tiveram que ser salvos da morte pelas equipes de resgate, incluindo um cavalo que ficou preso no telhado e se tornou um símbolo do impacto surreal que uma tragédia como essa representa.

As fotos e os testemunhos das pessoas afetadas são comoventes. Na 350.org, também tivemos funcionários e parceiros que foram pessoalmente afetados por desastres. A liderança indígena, que há dois anos desempenhou papel fundamental na luta pelo fim de um projeto de mina de carvão na região e assim ajudou a prevenir a degradação ambiental em uma área enorme, perdeu sua casa e viu seu bairro destruído. Uma colega que trabalha como freelancer na área de comunicação teve que sair às pressas de seu apartamento no primeiro andar de um prédio na capital paulista, pois o nível da água acumulada na rua subiu tão rapidamente que chegou à altura de suas portas e janelas. Felizmente, os nossos dois amigos estão seguros, mas o medo e os danos causados ​​a eles – e às centenas de milhares de pessoas afetadas – continuarão por muito tempo.

Os efeitos individuais da tragédia reflectem-se também numa escala colectiva, e os impactos económicos serão sentidos não apenas a nível estadual, mas também a nível nacional. Uma das principais empresas de análise financeira do país, a MB Associados, estima que o desastre reduzirá o crescimento do PIB brasileiro em até 0,5 ponto percentual em 2024, devido à destruição massiva de infraestrutura e à perda de bens e serviços no Rio Grande do Sul. Os analistas da empresa afirmam que o evento climático nunca causou tantos danos econômicos no Brasil.

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Vale ressaltar que, como costuma acontecer em tempos de grandes perdas coletivas, as comunidades e famílias negras e indígenas pobres foram desproporcionalmente prejudicadas. O racismo ambiental e a injustiça climática estão mais uma vez a tornar-se evidentes.

O que causou tal desastre?

Um evento tão devastador só foi possível devido a uma combinação de fatores, incluindo o relaxamento da legislação estadual de proteção ambiental e a falta de manutenção nas estruturas de contenção de água do rio. Sem falar nas razões estruturais de longo prazo, como o isolamento do solo nas cidades e a falta de uma política habitacional que proporcione habitação em áreas seguras para todos.

Além disso, o consenso entre os especialistas em clima que analisaram este caso é que as chuvas no estado foram estranhamente concentradas. As cidades da região registraram um volume de chuvas dez vezes superior à média histórica do período.

O “estudo de atribuição rápida” do ClimaMeter – pesquisa conduzida por cientistas para determinar as causas de tais chuvas fortes – mostrou que a crise climática piorou em 15% as chuvas que levaram a inundações mortais. Os pesquisadores responsáveis ​​pela avaliação, liderados pela Universidade de Paris-Saclay, observaram que o El Niño, fenômeno climático natural que costuma agravar as chuvas nesta região do Brasil, não é suficiente para explicar a quantidade de chuva que se formou. O que dizem é que a crise climática desempenhou um papel proeminente neste desastre.

Como a principal causa da crise climática global é a queima de petróleo, gás e carvão, está claro que a atual destruição do Rio Grande do Sul traz a marca dos combustíveis fósseis, assim como muitos outros desastres recentes em todo o mundo.

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Podemos evitar novos choques?

O trauma, as vidas perdidas e o sofrimento causado nunca serão totalmente reparados, e o que pode ser reconstruído – edifícios, pontes, hospitais – levará meses ou anos para voltar a funcionar como antes. Os especialistas em infra-estruturas esperam que a recuperação demore dez anos ou mais.

Para se ter ideia da dimensão da tarefa, a expectativa do governo do estado será necessária Para mover cidades inteiras De suas localizações para reconstruí-los em áreas mais seguras.

Uma mulher em um centro de doação para famílias afetadas por enchentes no Rio Grande do Sul, Brasil. Fonte: Rafa Niedermayer/Agência Brasil

Os custos desta reconstrução são impressionantes. O governo brasileiro já destinou 11 mil milhões de dólares em ajuda estatal, mas a empresa de consultoria económica BRCG espera que a necessidade de gastos atinja facilmente cerca de 21 mil milhões de dólares.

Visto que, infelizmente, será necessário reconstruir grande parte do país, o que podemos fazer melhor desta vez? Que lições podemos aprender e aplicar? Da perspectiva da 350.org, pelo menos três aspectos se destacam:

  1. Rio Grande do Sul- A nível local, os governos precisam urgentemente de implementar mecanismos para construir políticas públicas em colaboração com as comunidades afectadas e aquelas potencialmente afectadas por eventos climáticos. Em suma, os governos municipais e estaduais devem ouvir as pessoas e respeitar as suas necessidades na reconstrução do que foi destruído. Além disso, será necessário ter em conta que a crise climática criou um novo “normal” climático, repleto de eventos extremos, que exige um investimento sério na adaptação climática.
  2. Brasil – No nível nacional, a tragédia em seu solo deixa claro que o Brasil precisa aproveitar seu papel temporário de liderança no G20 (grupo dos 20 maiores países e economias do mundo), em 2024, e anfitrião da Conferência Climática das Nações Unidas. Conferência de Mudança (COP30). Conferência do Comité do Clima das Nações Unidas) em 2025, para promover uma agenda climática global mais ambiciosa. Precisamos de metas nacionais de redução de emissões muito mais fortes, bem como de um compromisso global concreto para financiar a transição energética, com recursos fluindo dos países ricos para os países mais pobres. O Brasil exige isso e tem a oportunidade de assumir compromissos efetivos nesse sentido. Além disso, é preciso mostrar liderança, declarar a região amazônica livre da exploração de combustíveis fósseis e levar a sério medidas reais para a transição energética do país.
  3. Outros países – Todos os governos devem trabalhar para acelerar uma transição energética justa e políticas para reduzir a desflorestação, especialmente os dos países ricos, porque são eles que têm a maior responsabilidade pela crise climática. Para que isso aconteça, o mundo precisa de atribuir quantidades significativas de recursos e implementar formas eficazes que permitam aos ricos financiar a transformação nas sociedades mais pobres. Se direcionarmos os subsídios que atualmente apoiam o setor dos combustíveis fósseis para as energias renováveis ​​e tributarmos uma vasta riqueza para financiar medidas de adaptação e mitigação da crise climática, esta mudança será possível.
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Em última análise, esta tragédia brasileira nos mostra que em tempos de crise climática, eventos extremos ganham um poder até então desconhecido. Salienta também que trabalhar para prevenir catástrofes de grande escala provocadas pela crise climática é muito mais fácil e barato do que tratar a situação quando estas tragédias ocorrem. Mais importante ainda, podemos salvar vidas e evitar enormes sofrimentos se agirmos agora.

O trailer deste filme miserável foi realmente difícil de assistir. O filme inteiro não será comestível, mas ainda temos a chance de passar para uma sessão melhor.

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