Maior produtor do Brasil A oferta de café no Brasil nunca foi menor

Para ver como o mundo está curto em termos de oferta de café, considere o seguinte: os estoques do Brasil, o maior produtor mundial, estão chegando a uma baixa recorde.

Os estoques do país sul-americano podem cair para apenas sete milhões de sacas até março, segundo Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café. Analistas dizem que o nível mais confortável está entre nove milhões e 12 milhões de sacas de 60 kg.

Os problemas de oferta no Brasil ecoam a escassez global, ameaçando elevar os preços em meio a um cenário de inflação persistente de alimentos. Os estoques de arábica mantidos em armazéns portuários monitorados pela bolsa de futuros US ICE estão em baixa em 23 anos.

Enquanto isso, a demanda global continua a aumentar, com o consumo crescendo 1,5% nesta temporada após um aumento de 2% no ano passado, de acordo com a empresa de pesquisa hEDGEpoint Global Markets.

Os estoques estão “tão baixos que, mesmo que tenhamos uma boa colheita no ano que vem, o Brasil pode mal ter o suficiente para atender à demanda”, disse Nelson Carvalhaes, membro do conselho do grupo exportador Cecafé. “Só precisamos de chuva.”

A escassez de oferta global fez com que os futuros do café arábica de Nova York subissem 11% ano a ano, e os analistas esperam que os preços continuem subindo. Mesmo no mercado interno brasileiro, o custo de uma sacola entregue no principal distrito consumidor de São Paulo aumentou 19% em relação ao ano passado, segundo dados da Universidade de São Paulo.

“Os preços globais continuarão subindo e a incerteza sobre a oferta brasileira é um dos principais motivos”, disse Guilherme Moriah, analista econômico-chefe do Rabobank.

Empresas como Starbucks e JDE Peet’s NV, uma das maiores torrefadoras da Europa, estão aumentando os preços para acompanhar as pressões inflacionárias.

Dada a situação no Brasil, não há muito para aliviar a escassez de oferta global. As condições climáticas causadas pelo La Nina devem se estender nos próximos meses, trazendo mais seca para o Brasil e mais chuva para a Colômbia, o segundo maior fornecedor de café do mundo.

O mau tempo também pode prejudicar as colheitas na Guatemala, Honduras e Nicarágua, enquanto o Vietnã, o maior fornecedor de robusta, viu seus estoques encolherem em meio às más perspectivas de colheita.

Tudo isso indica que o mercado de café caminha para um segundo ano consecutivo de demanda superando a oferta, o que é uma ocorrência rara, disse a analista Natalia Gandolfi, da hEDGEpoint.

A frustração dos agricultores com a oferta deste ano piorou à medida que a colheita avança.

Quando os produtores começaram a processar o grão, notaram um excesso de descascamento externo. Era preciso mais feijão para encher os sacos.

Com a maior parte da safra concluída, a Cooxupe, maior cooperativa produtora de café arábica do Brasil, prevê queda de 11% na produção em relação à safra anterior.

Regis Rico, consultor do estado de Minas Gerais, agora espera que a safra brasileira de arábica alcance cerca de 30 milhões de sacas, ante 32 milhões de sacas no início de agosto.

O fluxo de caminhões que chegam às cooperativas está mais lento que o normal. Era “como se estivéssemos fora de época”, disse ele.

A fornecedora nacional brasileira Conab atualizará suas estimativas da safra de café do país na terça-feira.

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