Petrobras aumentou preços dos combustíveis após alta global “surpreendente”

Logotipo da petrolífera brasileira Petrobras na sede no Rio de Janeiro

Um logotipo da empresa petrolífera brasileira Petrobras é retratado em sua sede no Rio de Janeiro, Brasil, em 16 de outubro de 2019. REUTERS/Sergio Moraes/ Aquisição de direitos de licenciamento

SÃO PAULO (Reuters) – A petrolífera estatal brasileira Petrobras (PETR4.SA) disse nesta terça-feira que vai aumentar os preços da gasolina e do diesel em suas refinarias, após um aumento “surpreendente” nos preços globais do petróleo nas últimas semanas.

A medida foi bem recebida pelos investidores, mas deve incomodar o governo federal, já que é impopular e renova os temores de inflação no momento em que o banco central começa a cortar as taxas de juros.

A Petrobras disse em comunicado que aumentará os preços médios da gasolina em 16,3%, para 2,93 riais (US$ 0,5893) por litro, a partir de quarta-feira, enquanto os preços do diesel subirão 25,8%, para 3,80 riais por litro.

As ações da empresa, que tem sofrido pressão para aumentar os preços depois de operar com descontos em relação aos preços internacionais nas últimas semanas, chegaram a subir 4,9% após o anúncio.

“Os aumentos de preço são claramente positivos para a Petrobras”, disseram analistas do JP Morgan, observando que os investidores têm se preocupado ultimamente com os descontos. “Os aumentos indicam que a governança continua funcionando, o que certamente é uma notícia positiva.”

No entanto, o movimento deve levar a uma revisão para cima nas estimativas de inflação, que o banco central diz que terá um impacto de cerca de 40 pontos-base entre agosto e setembro.

A economista-chefe do Inter, Raffaella Vittoria, disse que o IPCA, que deveria atingir 4,7% neste ano, agora deve ficar mais próximo de 5,0%.

Isso o colocaria um pouco acima do limite superior da meta do banco central de 1,75% a 4,75%.

Não há outra escolha

Foi o primeiro aumento da gigante do petróleo desde a implementação de uma nova política de preços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu o cargo em janeiro prometendo mudar a estratégia da empresa para ajudá-la a reduzir os custos do consumidor na bomba.

A Petrobras concordou com a nova política em maio, abandonando uma estratégia baseada no mercado em favor de maior flexibilidade para suavizar a volatilidade dos preços, mas disse que não tinha escolha a não ser aumentar os preços desta vez.

“A consolidação dos preços do petróleo em um patamar mais elevado torna necessário que a Petrobras faça reajustes de preço para os dois tipos de combustível”, disse a empresa.

Os preços do petróleo bruto nos mercados internacionais registraram ganhos nas últimas sete semanas.

O CEO Jean-Paul Pratis havia dito anteriormente que, embora a nova política evite repassar as flutuações internacionais aos clientes, os preços dos combustíveis da Petrobras não cairiam “abaixo da lucratividade”.

A Petrobras observou que os preços da gasolina ainda estão em queda de cerca de 5% no acumulado do ano, enquanto os preços do diesel acumulam queda de 15,4% no período.

As margens de refino da empresa “devem retornar a níveis saudáveis ​​após o ajuste de hoje”, disseram analistas do Santander, acrescentando em nota aos clientes que acreditam que não serão necessários novos aumentos por enquanto.

(US$ 1 = 4,9719 riais)

(Reportagem de Gabriel Araujo) Edição de Kylie Madre, Angus McSwan, Jan Harvey e Jonathan Otis

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Gabriel é repórter em São Paulo, Brasil, cobrindo notícias financeiras e de última hora da América Latina sobre a maior economia da região. Formado pela Universidade de São Paulo, ele ingressou na Reuters ainda na faculdade como estagiário de commodities e energia e trabalha para a empresa desde então. Esportes já cobertos – incluindo futebol e Fórmula 1 – para rádios e sites brasileiros.

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