O plano verde de Lula está sendo desafiado por aliados que pressionam por um aumento dos combustíveis fósseis

São Paulo: A promessa do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, de lançar uma transformação verde na economia brasileira está enfrentando oposição de seus aliados dentro de seu governo.

Enquanto o Ministro das Finanças, Fernando Haddad, procura excluir os combustíveis fósseis dos incentivos fiscais especiais como parte da “transição verde” da maior economia da América Latina, o Ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, procura aumentar o apoio aos projectos de petróleo e gás.

A disputa interna destaca os desafios que o Brasil, rico em petróleo, enfrenta ao tentar afastar-se dos combustíveis fósseis, e que outros países também poderão enfrentar ao tentarem cumprir os planos de transição energética acordados na conferência climática da ONU este mês. Conferência de Mudança (COP28) em Dubai.

Haddad, o rosto dos planos económicos verdes do governo Lula, quer rever um sistema fiscal especial que proporcione benefícios para investimentos em infra-estruturas, com o objectivo de limitar os incentivos apenas a projectos de baixo carbono, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto.

Ele busca uma emenda semelhante para títulos vinculados a projetos de infraestrutura, segundo as pessoas, que pediram anonimato porque a discussão não é pública.

O Ministério de Minas e Energia opõe-se aos planos e também está a pressionar por alterações próprias nas regras que regem os leilões de electricidade térmica, numa tentativa de atrair mais investidores.

As vendas foram uma das condições que os legisladores incluíram em um projeto de lei de 2021 que permitiu a privatização da concessionária de energia Eletrobras.

O Congresso está a considerar uma legislação que inclua as alterações técnicas pretendidas pela Silvera, o que aumentaria a procura por combustíveis fósseis.

O projeto de lei, que abriria caminho à produção de energia eólica offshore, prolonga os contratos de algumas centrais térmicas a carvão existentes até 2050.

O Ministério das Finanças não quis comentar.

A exploração de petróleo e gás ajudará a cobrir os custos da transição verde, ao mesmo tempo que fornecerá dinheiro para um fundo que financia a saúde e a educação, afirmou o Ministério de Minas e Energia num comunicado por escrito.

Ela acrescentou que os esforços do ministério para garantir a segurança energética andam “de mãos dadas com a transição energética”.

O cabo de guerra ainda não atingiu o próprio presidente, disseram pessoas familiarizadas.

Lula no início deste ano se envolveu em outra disputa interna depois que o regulador ambiental do Brasil bloqueou os planos da empresa petrolífera estatal Petróleo Brasileiro SA para explorar um campo offshore perto da foz do Rio Amazonas.

Lula acabou ficando do lado da Petrobras e, em setembro, a gigante petrolífera recebeu autorização para realizar pesquisas em parte da área conhecida como margem equatorial.

Mas o líder de esquerda apresentou a transição verde e a descarbonização como duas das maiores prioridades da sua administração e fez das alterações climáticas um tema importante da presidência brasileira do G20.

Lula regressou recentemente das negociações climáticas da COP28 no Dubai, onde os líderes mundiais chegaram pela primeira vez a um acordo comprometendo-se com uma transição global para longe dos combustíveis fósseis.

No entanto, o acordo incluía espaço para o gás natural, apesar de grupos ambientalistas afirmarem que a expansão da produção ameaça os objectivos de atingir emissões líquidas zero até 2050.

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