O Ministro da Fazenda brasileiro propõe impor um imposto global sobre os ricos

O Ministro da Fazenda brasileiro propõe impor um imposto global sobre os ricos

O ministro das Finanças do Brasil, Fernando Haddad, fala durante as reuniões dos ministros das finanças e dos governadores dos bancos centrais do G20 em São Paulo, Brasil, quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024. (AP Photo/Andre Benner)

RIO DE JANEIRO — Os países deveriam impor um imposto global sobre os ricos em um esforço para combater a evasão fiscal desenfreada, disse o ministro das Finanças do Brasil aos seus homólogos na quinta-feira, durante uma reunião do G20 em São Paulo.

Fernando Haddad disse que a evasão fiscal pode ser resolvida através da cooperação internacional para que “estes poucos indivíduos dêem a sua contribuição para as nossas sociedades e para o desenvolvimento sustentável do planeta”.

Ele acrescentou que o Brasil busca uma declaração sobre tributação internacional por parte dos membros do G20, que ele espera que esteja pronta em julho. Mas numa conferência de imprensa no final da reunião, ele reconheceu que o caminho não seria nada tranquilo.

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Ele disse: “Haverá muita polêmica sobre esse assunto, o que é completamente normal, principalmente porque nem todos os países têm o mesmo sentimento sobre esse problema que o Brasil trouxe ao G20”.

O Brasil detém actualmente a presidência dos vinte principais países do mundo rico e em desenvolvimento, e o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou questões que preocupam o mundo em desenvolvimento – como a redução da desigualdade e a reforma das instituições multilaterais – no centro da sua agenda.

“O Brasil tem um papel a desempenhar e uma legitimidade para usar em questões que precisam ser abordadas e que nem sempre estão representadas no G20”, disse Haddad, referindo-se a questões ambientais, sociais e financeiras.

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Perdas resultantes de paraísos fiscais

De acordo com um estudo de 2023 realizado pelo grupo de defesa Tax Justice Network, países em todo o mundo poderão perder até 4,8 biliões de dólares em receitas fiscais durante a próxima década devido aos paraísos fiscais. Um relatório divulgado pelo Observatório Fiscal da União Europeia no início deste ano, citado por Haddad, concluiu que os multimilionários em todo o mundo têm taxas de imposto efectivas equivalentes entre 0% e 0,5% da sua riqueza.

Nos últimos anos, escândalos como os vazamentos dos Panama Papers e dos Paradise Papers destacaram a prevalência da evasão e elisão fiscais nas práticas comerciais.

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Entretanto, o fosso entre os ricos e a maior parte da população mundial aumentou dramaticamente desde a pandemia do coronavírus, segundo a organização internacional anti-pobreza Oxfam.

“Os impostos sobre ativos hoje são mais baixos do que eram há duas ou três décadas. O movimento global avançou no sentido de reduzir os impostos sobre as empresas e a riqueza”, disse Andre Verita Nahum, professor de sociologia da Universidade de São Paulo.

Desigualdade exige impostos mais altos para os ricos

Mas à medida que a desigualdade aumenta, mais pessoas exigem impostos mais elevados sobre os ricos – incluindo o Presidente dos EUA, Joe Biden, que defendeu um imposto mínimo sobre o rendimento dos bilionários, embora a probabilidade de o Congresso aprovar a proposta seja pequena.

Num sinal de crescente consenso global sobre a questão, a Assembleia Geral da ONU adoptou uma resolução no final do ano passado apoiando uma cooperação fiscal internacional mais forte “para torná-la totalmente inclusiva e mais eficaz”.

“A dificuldade não é mais colocar essa questão na mesa, os dados estão aí. A dificuldade é chegar a um documento comum”, disse Carla Bini, economista da Fundação Getulio Vargas, universidade e think tank.

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