O minério de ferro brasileiro pode ser fundamental para as metas de descarbonização da China

A dependência do Brasil das exportações para a China aumentou nos últimos anos, assim como a dependência da China dos produtos agrícolas da maior economia da América Latina.

Embora ambos os parceiros estejam a trabalhar para mudar este cenário, com o Brasil a procurar diversificar a sua agenda de exportações e a China a querer aumentar a sua produção interna de cereais e proteínas, o actual fluxo comercial entre os dois países poderá continuar a crescer.

Factores como a tendência de urbanização da enorme população da China e as suas metas de descarbonização industrial poderão apoiar o crescimento estável dos embarques de minério de ferro – um dos três principais produtos exportados para a superpotência asiática, juntamente com a soja e o petróleo. Mais importante ainda, a gigante mineira brasileira Vale acredita que tem a solução perfeita para reduzir as emissões da indústria siderúrgica global, de acordo com o seu chefe de relações externas, Gustavo Pescasi.

Apesar da recente desaceleração económica e das expectativas oficiais do governo chinês de que as coisas continuarão neste ritmo, o país continua a ser uma enorme fonte de procura para a economia global e para o Brasil. No ano passado, a economia chinesa cresceu 5,2%, muito além da meta de 5% estabelecida na altura. Repita agora. A recuperação da pandemia foi mais lenta do que muitos esperavam, com o mercado imobiliário e as exportações em declínio.

A taxa de urbanização da China varia entre 65 e 66 por cento e o governo acredita que poderá atingir os 80 por cento. [in the next few decades]. A outra coisa que vemos é a modernização das indústrias tradicionais e a crescente demanda por automóveis, locomotivas e máquinas pesadas, o que também levou ao aumento da demanda por aço”, disse Pescasi durante um recente webinar organizado pelo Conselho Empresarial Brasil-China. (CEBC).

Dos 388 milhões de toneladas de minério de ferro que o Brasil exportou no ano passado, 64% foram para a China e 76% foram para a Vale.

A procura futura de aço “mais verde” também é enorme, dados os objectivos de “duplo carbono” da China de atingir o pico das emissões de carbono até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono antes de 2060.

Fabian Zeola Menezes

Fabian, ex-editor-chefe do LABS (Latin American Business Stories), tem mais de 15 anos de experiência em reportagens sobre negócios, finanças, inovação e cidades no Brasil. Este último recentemente a trouxe de volta à sala de aula e fez com que ela fizesse mestrado em Gestão Urbana pela PUCPR. Na TBR, você monitora a política econômica, as empresas revolucionárias e as pessoas que impulsionam a inovação na América Latina.

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