O Brasil pode ajudar a reduzir o poder da OPEP?

O Brasil pretende quebrar o poder da Opep aumentando a produção doméstica de petróleo e reduzindo a dependência das importações de derivados de petróleo, mas analistas estão céticos quanto à capacidade do país de influenciar o cartel.

“Temos que ocupar o papel estratégico que cabe ao nosso país e limitar o poder desses grandes produtores de influenciar o mercado internacional com tanta força”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexander Silvera (foto), em comunicado à imprensa.

Em 2 de abril, a Arábia Saudita e outros membros da OPEP+ anunciaram um corte de produção de 1 milhão de barris por dia (mbpd) para manter o preço internacional acima de US$ 80 por barril.

Segundo a agência reguladora de petróleo e gás ANP, o Brasil produz 4,17 Mbpd, incluindo 3,27 Mbpd de petróleo – tornando-se o 10 maior produtor mundial. A ANP espera que a produção atinja 5,97 Mbpd até 2027 (4,5 Mbpd de óleo).

De acordo com a OPEP, a produção de líquidos do Brasil em 2023 deve aumentar 0,2 mb/d para uma média de 3,9 mb/d – o terceiro maior crescimento de oferta fora da OPEP no período, depois dos Estados Unidos e da Noruega.

A produção de petróleo bruto deverá aumentar com o aumento da produção nos campos de Meru (Libra Noroeste), Búzios, Tupi, Peregrino, Sépia, Marlim e Itapu (Florim). No entanto, espera-se que a manutenção offshore cause algumas interrupções em áreas-chave, de acordo com o último relatório mensal da OPEP.

A produção de petróleo e gás do Brasil chegará a 6,9 milhões de barris por dia (5,2 mega-bpd de petróleo) até 2031, segundo projetos da empresa federal de pesquisa energética EPE.

A produção brasileira vai crescer até o final da década, com pico de 5,4 milhões de barris por dia de petróleo possível, mas a OPEP+ produz cerca de 40% do petróleo mundial. A capacidade do Brasil de influenciar o cartel é limitada, disse Marcelo de Assis, diretor de pesquisa da Wood Mackenzie, à BNamericas.

Silvera destacou que o Brasil pode adicionar produção adicional explorando novas fronteiras, incluindo a margem tropical. A região Norte é destaque do programa de estímulo Potencializa E&P, anunciado no final de março pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

O programa, que será apresentado formalmente na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), visa transformar o Brasil no quarto maior produtor de petróleo do mundo, por meio da promoção de investimentos em campos maduros e novas regiões.

combustível

Silvera também enfatizou que o governo pretende mitigar os efeitos internos da volatilidade dos preços internacionais.

“É uma prioridade para [the] Governo para investir na modernização e expansão do nosso parque de refino e para promover ainda mais o uso de biocombustíveis. Com isso, reduziremos significativamente nossa dependência internacional de derivados de petróleo.”

Com uma capacidade total de refino de 2,4 Mb/dia, o Brasil importa 30% dos produtos refinados que consome.

O governo, que controla a petroleira Petrobras, quer que a empresa aumente seus investimentos na expansão do refino e estuda uma mudança na política de preços de combustíveis, que é baseada no preço de paridade de importação (PPI).

para reduzir isso [fuel import] Reliance, mais investimentos em refino são necessários. De Assis disse que o retorno financeiro das novas refinarias pode ser baixo.

Ele acrescentou: “Tanto o petróleo quanto os produtos petrolíferos têm oferta de preço internacional e, como a maioria das commodities, os preços flutuam. Os mecanismos para controlar os preços podem incluir subsídios ou impostos que podem levar a mais distorções e prejudicar empresas e consumidores”.

Adhemar Mineiro, pesquisador do think tank local de petróleo ENEP, disse que a decisão da Opep+ mostra que os produtores não estão dispostos a deixar os preços caírem. “Deixar os preços locais flutuarem ao sabor dos movimentos internacionais é perder o papel de herói e ficar à mercê da estratégia de outros países”, afirmou em nota.

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O Goldman Sachs elevou recentemente sua previsão para o Brent Oil para US$ 100 por barril. Caso esse cenário se concretize, a inflação no Brasil aumentará e o Banco Central provavelmente levará à manutenção da taxa básica de juros no patamar atual de 13,75%.

Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, em comunicado.

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