O governo brasileiro anunciará na segunda-feira novas medidas para ajudar os estrangeiros a proteger o câmbio em seus investimentos no desenvolvimento sustentável, evitando ao mesmo tempo riscos cambiais e fiscais para o tesouro, disseram duas pessoas familiarizadas com o plano.
O plano inclui um novo canal para cerca de 2 mil milhões de dólares em derivados cambiais, contratados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e distribuídos pelo banco central do Brasil, disseram as fontes, que pediram anonimato para discutir os planos confidenciais.
A iniciativa, que aproveita a excelente classificação de crédito do BID para facilitar derivativos cambiais de longo prazo e de menor custo para incentivar o investimento estrangeiro nas iniciativas de desenvolvimento “verdes” do Brasil, deverá incluir uma decisão executiva.
O Ministério da Fazenda brasileiro, o Banco Central e o Banco Islâmico de Desenvolvimento não quiseram comentar.
As fontes disseram que o Banco Central do Brasil deverá assinar um contrato abrangente de derivativos com o Banco Islâmico de Desenvolvimento para ativar o programa.
Na mesma ordem executiva, o governo também autorizará o banco central a reabastecer o seu stock de swaps de 100 mil milhões de dólares para prazos mais longos, com o objectivo de aumentar a liquidez e reduzir a volatilidade cambial, disse uma das fontes.
A fonte disse que a luz verde do banco central para renovar os swaps de obrigações por prazos mais longos é considerada “estrutural” e “muito importante”, dada a liquidez limitada no mercado para prazos superiores a cinco anos.
Com estas modificações, o mercado de swap no Brasil poderá ser muito mais dinâmico, com horizontes que se estendem até 15 anos, o que poderá ter um impacto significativo no financiamento de projectos de infra-estruturas, acrescentou a fonte.
O pacote cambial agendado para segunda-feira incluirá outras medidas para proteger a moeda, incluindo uma linha de liquidez para financiar projetos de investimento verde regulamentados, com o apoio do Banco Islâmico de Desenvolvimento, disseram as duas fontes.
O objetivo é ajudar projetos que precisam manter a cobertura do serviço da dívida em moeda forte, como uma usina solar com faturamento em reais, com financiamento em dólares norte-americanos. A nova linha de liquidez ajudaria tal projecto a cumprir as suas obrigações financeiras no meio de flutuações cambiais repentinas.
“Dessa forma, você salva o projeto e permite que mais capital paciente assuma mais riscos”, disse a segunda fonte.
A cobertura cambial de longo prazo tem sido um desafio no Brasil, mantendo alguns investidores estrangeiros afastados da maior economia da América Latina.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou a questão na tentativa de impulsionar o investimento estrangeiro em áreas como energias renováveis e infraestrutura sustentável, com o objetivo de posicionar o Brasil como um grande ator nas mudanças climáticas.
O Brasil angariou 2 mil milhões de dólares em Novembro ao emitir os seus primeiros títulos soberanos “verdes” no mercado internacional, utilizando um quadro cuja construção também foi apoiada pelo Banco Islâmico de Desenvolvimento.
O Ministro das Finanças, Fernando Haddad, revelou pela primeira vez as linhas gerais dos esforços de cobertura cambial numa entrevista à Reuters em Outubro.
Em 2023, os investimentos estrangeiros diretos no país caíram 17%, para 62 mil milhões de dólares.
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