O veterano esquerdista buscou estreitar os laços com a China – o maior parceiro comercial do Brasil – desde que assumiu o cargo em janeiro.
Ele cancelou seu voo original no último sábado, dia em que estava inicialmente programado para partir, depois de ser diagnosticado com o que seu escritório descreveu como “pneumonia leve”.
De volta ao trabalho, o ex-presidente de 77 anos deixou claro que a visita era uma prioridade, após anos de relações tensas com Pequim sob o comando de seu antecessor de extrema-direita, Jair Bolsonaro (2019-2022).
Um porta-voz presidencial confirmou à AFP as novas datas, dizendo que a agenda exata ainda está sendo trabalhada.
A agenda inicial de Lula incluía um encontro com seu homólogo chinês, Xi Jinping, e um fórum empresarial sino-brasileiro de alto nível que ocorreu esta semana sem ele.
Assim como em seus dois primeiros mandatos presidenciais, de 2003 a 2010, Lula faz questão de posicionar o Brasil como mediador e negociador no cenário internacional, buscando estabelecer relações amistosas em todas as áreas.
Ele estabeleceu um relacionamento próximo com os líderes europeus e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que o visitou no mês passado.
Mas ele também alarmou alguns no Ocidente com suas propostas para países como China, Rússia e Venezuela.
O Brasil e a China tiveram um recorde de US$ 150,5 bilhões em comércio bilateral no ano passado – muito mais do que os US$ 88,7 bilhões em comércio entre o Brasil e os Estados Unidos, seu segundo maior parceiro.
Na quarta-feira, o Brasil anunciou que chegou a um acordo com a China para abandonar o dólar americano como moeda intermediária e negociar diretamente com o yuan e o real.
Brasil de volta
Lula e Xi também deveriam discutir a guerra na Ucrânia.
O líder da maior economia da América Latina espera promover sua proposta de negociações de mediação para acabar com a invasão russa.
No entanto, seu estoque diplomático sofreu um golpe no ano passado, quando ele foi criticado por afirmar que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, era tão “responsável” quanto o presidente russo, Vladimir Putin, pela guerra de seu país.
Lula também se recusou a se juntar aos países ocidentais no envio de armas à Ucrânia para ajudá-la a se defender.
Brasil, Rússia e China são membros do grupo BRICS de economias emergentes, juntamente com Índia e África do Sul, e têm buscado contrabalançar o tradicional domínio da Europa e dos Estados Unidos no cenário internacional.
Lula assumiu o cargo prometendo “devolver o Brasil” ao cenário mundial após seu relativo isolamento durante os anos de Bolsonaro.
Bolsonaro costuma ser visto como demonizando a China, especialmente em relação à pandemia de coronavírus, assim como seu modelo político, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
A saúde de Lula tem sido motivo de preocupação nos últimos anos.
Em 2011, foi diagnosticado com câncer na garganta, logo após deixar a presidência. Ele entrou em remissão após passar por tratamento.
Em novembro passado, ele foi submetido a uma cirurgia para remover um corte nas cordas vocais, depois que sua característica voz rouca ficou rouca durante a exaustiva batalha eleitoral de 2022 contra Bolsonaro.
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