Enchentes recordes no Brasil matam 95 pessoas e causam US$ 1 bilhão em danos

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As equipes de resgate tentaram na quarta-feira chegar às pessoas presas pelas enchentes sem precedentes no sul do Brasil, que mataram pelo menos 95 pessoas e deslocaram mais de 200.000, já que se espera que mais chuva dificulte os esforços de socorro.

Bombeiros, unidades de defesa civil e exército lutam para chegar aos que estão retidos no estado do Rio Grande do Sul, no sul do país, e alguns deles passaram dias presos nos telhados dos edifícios.

As inundações históricas seguiram-se a fortes chuvas nos últimos dias, que alguns cientistas associaram às alterações climáticas. Uma estação de monitoramento em Porto Alegre, capital do estado, registrou quase 260 mm em três dias – o equivalente a uma precipitação média de quase dois meses.

A Força Aérea Brasileira implantou drones de reconhecimento Hermes 900, projetados por Israel, equipados com câmeras e sensores de alta resolução, que trabalham em conjunto com equipes de helicópteros para localizar e resgatar vítimas.

Voluntários juntaram-se ao esforço, incluindo pessoas que tentam usar pranchas de surf e jet skis para chegar às pessoas necessitadas.

Porto Alegre, com uma população de 1,3 milhão de habitantes, foi um dos locais mais afetados depois que o rio Guayba transbordou e submergiu a cidade. A ponta do rio atingiu 5,3 metros, muito superior ao recorde anterior de 4,76 metros, estabelecido em 1941.

Os danos económicos até agora são estimados em cerca de mil milhões de dólares, segundo a União Nacional dos Municípios.

O Governador do Estado, Eduardo Leite, apelou a um programa de ajuda semelhante ao Plano Marshall que se seguiu à Segunda Guerra Mundial para reparar os danos, que, segundo ele, não se tornariam claramente visíveis até que as águas das cheias recuassem.

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Na terça-feira, ele alertou sobre mais condições climáticas adversas, já que se esperava que uma massa de ar frio trouxesse mais chuvas fortes e uma queda acentuada nas temperaturas.

“Este já é o pior desastre climático no nosso estado e precisamos evitar a perda de vidas neste momento”, disse ele na semana passada.

Imagens de satélite mostram o impacto das enchentes no entorno do Rio Tacuari, no Rio Grande do Sul, Brasil © 2024 Maxar Technologies/AFP/Getty Images

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou duas vezes o estado – onde vivem 11 milhões de pessoas – e prometeu ajuda federal para reconstruir estradas e pontes.

O Rio Grande do Sul é a quinta maior economia do Brasil e é um grande produtor de produtos agrícolas, além de um centro industrial.

O estado produz 70 por cento da produção nacional de arroz e espera-se que 10 por cento sejam perdidos devido às inundações. A previsão também é que 30% da safra de soja do estado, totalizando 21 milhões de toneladas, seja destruída. Lula disse que o Brasil importaria arroz e feijão do exterior para evitar a escassez de alimentos.

Este desastre é o quarto evento deste tipo a atingir o estado no ano passado, depois das graves inundações em Julho, Setembro e Novembro, que ceifaram dezenas de vidas.

As imagens nítidas da área do desastre desencadearam uma campanha de arrecadação de fundos em todo o Brasil e além. O CEO da Apple, Tim Cook, disse na terça-feira que a empresa apoiaria os esforços de socorro.

Pedro Luiz Cortes, professor de ciências ambientais da Universidade de São Paulo, disse que o desastre está ligado às mudanças climáticas.

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Ele disse que a área de alta pressão no centro do Brasil é causada por temperaturas anormalmente altas no Oceano Atlântico. Isto levou ao bloqueio das frentes frias no sul do país e à transferência da humidade marinha para o sul.

“O Rio Grande do Sul é afetado por três eventos que alimentam as chuvas: frentes frias, umidade do Oceano Atlântico e uma cúpula de alta pressão”, disse. E acrescentou: “Estas chuvas são provocadas por este fenómeno meteorológico provocado pelas alterações climáticas, porque o aumento da temperatura do Oceano Atlântico não é normal nesta altura do ano”.

Ele acrescentou que os governos estaduais e federais não estão preparados para tal emergência climática.

Reportagem adicional de Beatrice Langella

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