SÃO PAULO (Reuters) – A mudança final na orientação de flexibilização monetária não estará necessariamente ligada à taxa de juros no final do ciclo de flexibilização monetária do banco, disse o diretor de política monetária do banco central brasileiro nesta terça-feira.
Num evento organizado pela consultora APCE, o chefe de política monetária, Gabriele Gallipolo, disse que dada a forma como se desenrola o processo de desaceleração da inflação e o ritmo dos cortes nas taxas de juro, uma eventual mudança no guidance não implica uma relação com uma taxa final.
“A ausência de sinal da Coboom sobre a taxa de juro final decorre do facto de termos adoptado o ritmo de 50 pontos base especificamente para aproveitar, ganhar tempo e ver como as coisas vão evoluir”, disse.
O banco central iniciou o seu ciclo de flexibilização monetária em Agosto com um corte de 50 pontos base, após quase um ano de taxas de juro inalteradas no máximo de seis anos de 13,75%, com o objectivo de combater a inflação.
Desde então, ele tem consistentemente feito questão de manter o mesmo ritmo de facilitação em reuniões futuras.
Galipolo sublinhou que apesar do baixo spread entre as taxas de juro do país e as dos países desenvolvidos, que têm vindo a atrasar o início dos seus próprios ciclos de flexibilização das taxas de juro, o desempenho da taxa de câmbio do Brasil tem sido bom.
“Mesmo com esse fechamento diferencial, o câmbio se manteve em bom patamar”, disse.
Questionado sobre se o banco central tinha uma meta cambial, Gallipolo negou que existisse, argumentando que a taxa de câmbio flutuante era uma importante “linha de defesa”.
Na semana passada, o diretor do banco central disse que os decisores políticos “em algum momento” precisariam de remover o uso do plural nas suas orientações de flexibilização monetária, que se referiam a cortes de 50 pontos base nas próximas “reuniões”.
A taxa básica de juros do Brasil é agora de 11,25%.