Ciclo de corte das taxas de juros do Brasil deve terminar com taxas mais altas do que o esperado em maio pela Reuters

Escrito por Gabriel Araújo

SÃO PAULO (Reuters) – Os preços ao consumidor no Brasil aceleraram mais do que o esperado em maio, já que um salto nos custos dos alimentos ajudou a afastar a inflação anual da meta do banco central, mostraram dados da agência de estatísticas IBGE nesta terça-feira.

Os economistas dizem que estes dados colocam em risco o ciclo de flexibilização em curso da autoridade monetária, uma vez que os investidores esperam uma pausa no processo de corte das taxas de juro quando os decisores políticos se reunirem novamente no final deste mês.

Os preços medidos pelo índice IPCA de referência do Brasil subiram 0,46% no mês passado, acima das expectativas do mercado de 0,42%, de acordo com uma pesquisa da Reuters com economistas, e acima do aumento de 0,38% em abril.

Enquanto isso, a inflação acumulada em 12 meses na maior economia da América Latina foi de 3,93%, acima dos 3,69% do mês anterior e superior aos 3,89% esperados.

Oito dos nove grupos pesquisados ​​pelo IBGE esperavam aumentos de preços em maio, com o aumento dos custos de alimentos e bebidas, bem como de habitação, tendo o maior impacto no índice geral.

A agência de estatísticas observou que as recentes inundações devastadoras no Rio Grande do Sul, um importante estado agrícola, contribuíram para o aumento dos custos dos alimentos – especialmente o aumento de mais de 20% nos preços da batata.

“Foi um mau resultado em termos de quantidade e qualidade em geral, o que reforçará a postura dovish do banco central”, disse Alberto Valerio, economista-chefe do Inter Bank, apostando que as taxas de juro permanecerão inalteradas “nas próximas reuniões”.

Os decisores políticos do banco central do Brasil comprometeram-se a manter as taxas de juro num nível restrito durante tempo suficiente para que a inflação caia para a meta de 3% do banco, que tem um intervalo de tolerância de mais ou menos 1,5 pontos percentuais.

Em Maio, o banco reduziu a sua taxa de juro de referência em 25 pontos base, para 10,50%, após seis cortes duas vezes maiores. Os membros do conselho expressaram preocupações sobre o aumento das expectativas de inflação para este ano e para o próximo.

Galápagos (NASDAQ:) Os últimos números da inflação abrem caminho para que o banco mantenha os custos dos empréstimos inalterados na sua próxima reunião, pondo fim ao ciclo de flexibilização que começou em agosto de 2023, disse Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Capital.

Ela disse ainda que existe a possibilidade de os conselheiros indicarem na ata da reunião “uma maior possibilidade de aumento das taxas de juros, principalmente devido à fraqueza do real brasileiro”.

Na segunda-feira, a moeda brasileira atingiu seu nível mais baixo em um ano e meio em relação ao dólar americano devido a preocupações financeiras e incertezas globais.

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