Sim, você deve contar a história. Filme do capítulo final
Depois de exibições de sucesso em festivais internacionais de cinema, ligações secretas e censura da ANCINE, que atrasou seu lançamento por aqui, o filme apareceu nas telonas.
A produção dirigida por Wagner Moura e brilhantemente representada por Seo Jorge tem, entre muitos, o mérito de iluminar o caminho e o legado de um líder revolucionário nos anos sombrios após o golpe militar de 1964 em solo brasileiro.
Sim, é necessário reiterar que nesse período, quantas vezes forem necessárias, famílias foram destruídas, direitos civis esgotados, a imprensa foi silenciada e choques elétricos e pau-de-arara eram formas comuns de tortura.
Sim, ainda estamos com fome, e as relações comerciais e o acúmulo de riqueza não mudaram muito desde a década de 1960 até agora. Mas Marigella foi um grande homem de sua época. Na mesma época de Che Guevara e Fidel Castro.
O filme está repleto de palavras e frases clichês do protagonista, como “não temos tempo para ter medo”. O delegado Lúcio (Bruno Gagliasso) se inspira no psicopata Sérgio Paranhos Fleury.
É surpreendente notar que o Brasil tem defensores desse tipo de comportamento e políticas genocidas. O povo liderado por Bolsonaro, associado aos grupos mais atrasados e atrasados, e que personificam esses esgotos que insistem em inundar nossas vidas.
Os “bons cidadãos”, que saíram às ruas no último dia 7 de setembro, pedindo a volta do AI-5 e a dissolução do Supremo Tribunal Federal, querem exatamente esse modelo fascista.
Aí reapareceu o fedor de uma grande classe dessa má sociedade atrasada, e a sociedade dos escravos, além de uma ignorância incomensurável, estava imersa nos tubos mais profundos de nossa rede social.
Deve ficar claro que o que o filme estava passando era verdade. Não é uma fantasia distópica do Netflix.
Entrar em um cinema lotado novamente é um sinal de que ainda há espaço para escrever a potencial história do Brasil.
O período e a direção artística estão muito bem retrabalhados, assim como a moda. Existe um “padrão global” que me incomoda, mas isso é assunto para outra revisão.
Mora fez sua estreia com um filme muito poderoso.
Ele sabia dirigir com segurança e, às vezes, chorava uma audiência que ansiava por heróis e esperança. No final do show, com o valor das apresentações aumentando, o público bateu palmas e gritou “Fora Bolsonaro”.
A história é cíclica. vai passar. Viva Mariela.