Moradores de Mora, no Brasil, relataram ameaças em meio à pressão para aprovar uma mina de potássio na Amazônia

SÃO PAULO (Reuters) – Chefes do povo Mora no Brasil disseram nesta sexta-feira que as tensões aumentaram na região de Otazes, onde vivem, depois que uma equipe da agência federal visitou a área para discutir a possibilidade de demarcar sua terra ancestral, que se sobrepõe a uma área onde uma empresa canadense quer construir uma mina de potássio.

Falando em entrevista coletiva concedida por procuradores federais no estado do Amazonas, dois caciques Mora disseram que suas comunidades receberam novas ameaças depois que a Funai, agência federal para os povos indígenas, visitou a área no final de março para iniciar as discussões de demarcação do território Soares/Urucurituba, onde a Potássio planeja o Brasil construir um projeto de US$ 2,5 bilhões.

Sérgio, uma das lideranças do grupo Mora, disse que começaram a circular informações falsas após o aparecimento da Funai, inclusive de que o órgão iria “tomar as terras dos fazendeiros”. Sergio disse que a função da Funai é apenas explicar uma possível demarcação futura, que é um processo longo. Mas a região está repleta de conflitos, pois há décadas as tribos amazônicas sofrem com a invasão de fazendeiros em suas reservas.

Adenelson, um segundo cacique Mora, relatou ameaças “antes e depois” da visita da Funai, incluindo uma nota deixada no conselho indígena local que dizia: “Alguém vai sofrer as consequências se a mina de potássio não acontecer”.

A Potássio do Brasil, uma unidade da Brazil Potash, com sede em Toronto, já havia negado qualquer coerção e disse que seguiu à risca o protocolo de consulta. Sobre as denúncias feitas pelos dirigentes da Mura durante a entrevista coletiva, a empresa disse ter sido incentivada pelo procurador federal que trabalha no caso, “não deixando outra alternativa à empresa a não ser buscar incansavelmente a justiça”.

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O procurador federal Fernando Soave disse que as consultas judiciais em andamento da Mura não eram “gratuitas” ou “de boa fé”, apontando para as ameaças feitas contra a Mura desde que a empresa começou a tentar aprovar o projeto da mina.

O procurador-geral reiterou que as consultas Mura devem ser suspensas porque os estudos de demarcação ainda não foram concluídos. Uma decisão judicial sobre este pedido ainda está pendente.

“Quando as consultas começaram, estava um caos”, disse Soave, acrescentando que havia contatado os serviços de proteção do estado para trabalhar em nome dos indígenas.

A Potássio do Brasil leva três anos para construir as instalações da mina e pretende começar a produzir potássio lá em 2026.

(Reportagem de Ana Manu). Edição por Josie Kao e Leslie Adler

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