Lixo (2014) no IMDb (Inglês)

“Qualquer um que tocar nessa carteira, eu quero que morra.”

Desde sua estreia no cinema em 2000, os filmes de Billy Elliot e Stephen Daldry foram indicados para Melhor Filme ou Melhor Diretor. Ele seguiu o sucesso de Billy Elliot com The Hours, The Reader e Extremely Loud Incredible Close. Seu último filme, Trash, que se passa no Brasil e é quase inteiramente em português, encerrou sua série de indicações ao Oscar (embora tenha sido indicado ao BAFTA), mas pega emprestado alguns temas comuns da maioria de seus trabalhos anteriores. Os personagens principais são crianças e a história tem uma mensagem otimista, apesar do assunto. O roteiro foi adaptado por Richard Curtis do romance de Andy Mulligan de 2010 e alguns podem encontrar algumas semelhanças entre este filme e Cidade de Deus de Meirelles, embora Lixo seja mais otimista e menos cru. Os três personagens principais interpretados pelas crianças são muito carismáticos e apesar de não serem atores profissionais carregam o filme. Talvez minha maior reclamação seja que, dado o assunto, o filme não parece cru o suficiente. Esses personagens vivem fora do lixo, mas o filme parece impecável e limpo. É apenas uma reclamação menor porque gostei da história na maior parte, mas ela não é nem de longe tão corajosa quanto Cidade de Deus.

O filme começa com um homem fugindo da polícia. José Angelo (Wagner Moura, que o público internacional pode reconhecer do Tropa de Elite) está escondendo algo e a polícia parece desesperada para encontrá-lo. Ao se aproximarem dele, José avista um caminhão de lixo e joga sua carteira nele antes de ser preso. Frederico (Selton Melo) prende José e começa a torturá-lo para conseguir informações sobre o que procuram. Na cena seguinte, acompanhamos o caminhão de lixo enquanto ele despeja o lixo, e várias pessoas se reúnem em volta dele em busca de comida ou qualquer coisa útil. Um menino de 12 anos chamado Rafael (Rickson Tevez) encontra a carteira contendo algum dinheiro e uma chave privada. Ele se apega e conta ao seu melhor amigo Gardo (Eduardo Luis) sobre sua descoberta. Eles não têm ideia do que a chave desbloqueia, então decidem contar a outro amigo sobre o quebra-cabeça. Rato (Gabriel Weinstein), que mora nos esgotos, sabe exatamente qual é a chave e quer compartilhar com eles os resultados para poder embarcar na aventura. Mas as coisas ficam complicadas quando Frederico chega ao lixão e oferece uma recompensa a quem encontrar a carteira. A partir daí, as crianças não só terão que tentar resolver o quebra-cabeça, mas também evitar serem pegas pela polícia no processo.

A trama envolvendo a chave pode parecer semelhante ao filme anterior de Daldry, Extremely Loud Incredible Close, que foca em uma criança tentando descobrir o que a chave abre por toda a cidade de Nova York, mas neste caso descobrimos bem no início do filme, mas a descoberta leva a mais… Mistério e emoção. Os três personagens principais são mais atraentes e o filme oferece muitos momentos engraçados. É um thriller emocionante que gradualmente cria suspense, mas infelizmente o final é um pouco rebuscado e prolongado. Martin Sheen e Rooney Mara têm atuações coadjuvantes como Padre Julliard e uma professora de inglês chamada Olivia, que faz trabalho voluntário. Os dois acabam se envolvendo no caso quando decidem ajudar os filhos de formas diferentes. Apesar desses rostos familiares, as verdadeiras estrelas do filme são Tevez, Lewis e Weinstein que trazem muito carisma e inocência à história. A mensagem do filme é pesada porque é um grito social contra a corrupção política e ressoa nestas crianças inocentes que se sentem como se estivessem a ser esmagadas pelo sistema injusto. O filme não parece cru o suficiente para transmitir essa forte mensagem emocional, mas é apresentado de uma forma que parece otimista e divertida. Vale a pena assistir Trash pelas atuações desses jovens atores e pela belíssima cinematografia que capta a beleza do Brasil. Existem também algumas cenas de perseguição interessantes e bem filmadas que ajudam a construir o suspense e a emoção geral que o filme tem a oferecer.

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